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Rachadinha e Caixa Dois

Divaldo Lara é alvo de nova operação da Polícia Federal

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 13/8, uma operação que teve como alvo o prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PRD), a mulher dele, Priscila Fisher Lara, e os vereadores Rodrigo Halfen Ferraz (PL), atual presidente do Poder Legislativo, e Michelon Garcia Apoitia (PL). Ambos pretendem concorrer à reeleição em outubro.

 
Ao todo, foram 34 mandados de busca e apreensão em Bagé, Porto Alegre e Florianópolis. As ordens foram expedias pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Batizada de Operação Coactum III, a ação ocorre apenas três meses após a PF dar buscas na casa do Prefeito em cumprimento a outro mandado.

 
De acordo com a Polícia Federal, a operação apura os crimes de inserção de declaração falsa em prestação de contas eleitorais, conhecido como “Caixa Dois Eleitoral”, organização criminosa, peculato e lavagem de capitais, além de outros possíveis crimes contra a Administração Pública.

 
Conforme a PF, pelo menos, desde 2017, servidores públicos comissionados são obrigados a pagar parte de seus salários para a organização criminosa. Os valores exigidos seriam destinados ao Caixa Dois de campanhas eleitorais. A prática popularmente conhecida como “rachadinha” teria possibilitado o desvio de mais de R$ 10 milhões dos cofres públicos.

 
Além dos mandados de busca domiciliar e pessoal foram executados mandados de sequestro de bens. Na casa do Prefeito foram apreendidos uma escopeta, uma pistola e munição. Todos os equipamentos de uma ampla academia montada no local também foram apreendidos, em cumprimento ao mandado de sequestro de bens.

 
Na ação foram apreendidos telefones de diversos alvos para fins de investigação, bem como diversos bens para fins de ressarcimento ao erário. Entre os bens apreendidos na casa do prefeito estão placas de geração de energia solar, todos os equipamentos de musculação e exercícios cardiovasculares que compõem uma academia particular montada no local. também foram apreendidos cães de raça, tratores, um veículo, artigos de luxo como adega de vinhos e joias, além de US$1.454 dólares e € 1 mil. Também foi realizada a apreensão administrativa de armamento e munições, como uma espingarda calibre 12, com 25 munições, uma pistola 9mm, com 46 munições, entre outras munições.

 
Uma pessoa, cuja identidade não foi revelada pela PF, foi presa em flagrante por apropriação de diversos notebooks e computadores pertencentes à Prefeitura Municipal de Bagé.

 
Já em Porto Alegre foram cumpridos dois mandados de busca pessoal e um domiciliar, sendo apreendidos uma motocicleta de luxo e um veículo avaliados em mais de 100 mil reais cada, além de R$ 5 mil em espécie.

 
Para a PF, Divaldo é o líder da organização criminosa, encarregado de escolher as pessoas contratadas no município e beneficiado com o recebimento dos valores.  Priscila, a mulher dele, é acusada auxiliar na lavagem dos recursos. Ela é policial civil e teria se utilizado do acesso a informações privilegiadas por conta da profissão o presidente da Câmara também é suspeito de se beneficiar do esquema. Já Michelon seria outro integrante do grupo e teria começado a cobrar contribuições de seus apadrinhados políticos por meio de uma assessora direta.

 
A nova ação é desdobramento da Operação Coactum II, deflagrada em maio. Naquela ocasião foram apreendidas mídias, dinheiro em espécie e colhidos uma série de elementos de prova sobre os delitos investigados. Em razão das buscas, dois servidores foram presos em flagrante por crime de peculato, na posse de valores recolhidos de funcionários municipais – o então assessor da Procuradoria Jurídica do município, Amarilio Augusto Sturza Dutra, e a servidora Manuela Jacques Souza. Os dois foram detidos na Câmara de Vereadores e no Centro Administrativo, eles seriam os encarregados de recolher parte dos salários dos servidores. Foram apreendidos ainda cerca de R$ 50 mil em moeda nacional e estrangeira, aparelhos celulares e documentos.

 
Já na casa do prefeito foram apreendidos medicamentos introduzidos irregularmente em território nacional, além de diversas seringas supostamente desviadas da prefeitura. Os medicamentos, Durateston, Stanozoland e Boldenona, são, respectivamente, usados para reposição de testosterona, anabolizante sintético para queima de gordura e um composto veterinário para ganho de massa muscular.

 
Em nota, os advogados Cristiano Gessinger Paul e José Henrique Salim Schmidt, responsáveis pela defesa de Divaldo e Priscila disseram que “não existem fatos novos que justifiquem o mandado de busca e apreensão cumprido hoje, ao contrário, trata-se de exaurimento da mesma investigação. O prolongamento indefinido da investigação é ilegal, desproporcional e sua abusividade será demonstrada em juízo”.

 
Também por meio de nota, assinada por sua assessoria jurídica, o vereador Rodrigo Ferraz “afirma não haver fatos que justifiquem a operação ocorrida”. “Causa estranheza esse tipo de ação às vésperas do início da campanha eleitoral, evidenciando mais uma manobra política em desfavor dos agentes do Governo Municipal”, diz o documento.
Até o fechamento desta edição, o vereador Michelon Garcia Apoitia não atendeu ou retornou à redação do Folha do Sul.

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