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Saúde e bem-estar

O esporte como aliado às terapias de pessoas com deficiência

Divulgação imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Modalidades esportivas foram apresentadas aos assistidos

por Tribuna do Pampa


Os Jogos Paralímpicos Paris 2024 acontecem até este domingo, 8 de setembro. Por lá, as atividades iniciaram no dia 28 de agosto, reunindo mais de 4,4 mil dos melhores atletas paralímpicos do mundo em 22 esportes. Atualmente, os Jogos Paralímpicos estão entre os maiores eventos esportivos do planeta, com cada edição atraindo mais interesse do público. Os jogos oferecem uma oportunidade única para chamar a atenção do mundo para o esporte e a deficiência, inspirar indivíduos, provocar mudanças sociais e promover oportunidades profissionais e esportivas mais inclusivas às pessoas com deficiência. Nesse contexto, se percebe cada vez mais a importância do esporte na vida o cidadão e, para aquele com algum tipo de deficiência, tem sido um importante aliado.  


Em Bagé, o esporte tem feito parte da rotina de dezenas de assistidos do Caminho da Luz e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) como parte integrante do tratamento e reabilitação. Com profissionais especializados, as instituições têm se destacado no que se refere a atendimentos de qualidade. 


Caminho da Luz 

Na entidade, a professora de Educação Física Debora Rangel Suchy, que também atua na área de natação e psicomotricidade da instituição, em entrevista ao jornal, disse que o esporte desempenha um papel fundamental tanto no tratamento quanto na autoestima de pessoas com deficiência, oferecendo benefícios que vão além do condicionamento físico, podendo ser um instrumento poderoso de reabilitação e inclusão, e promovendo melhorias significativas na qualidade de vida dessas pessoas. 


Sobre de que forma o esporte atua no tratamento de pessoas com deficiência, Debora cita a reabilitação física, melhora da saúde e ajustes psicológicos. “O esporte é muitas vezes incorporado em programas de reabilitação, ajudando a recuperar ou melhorar funções motoras, fortalecer músculos e articulações, e aumentar a flexibilidade. Atividades físicas específicas podem ser adaptadas para atender às necessidades individuais, facilitando o progresso físico e, em muitos casos, ajudando a retardar ou prevenir a progressão de certas condições", detalhou. "A prática esportiva regular ajuda a prevenir complicações associadas à inatividade e ajuda a regular hormônios como a endorfina, que melhora o humor e reduz o estresse e a ansiedade, auxiliando no tratamento de transtornos psicológicos que podem estar associados à deficiência”, acrescentou. 


A profissional também falou em conquistas, inclusão e empoderamento. “Superar desafios e alcançar objetivos no esporte pode aumentar significativamente a autoconfiança e a autoestima. Participar do esporte proporciona interação social e com isso, reduz o isolamento social e promove um sentimento de pertencimento, permitindo também que pessoas com deficiência redefinam seus próprios limites, superem barreiras e demonstrem suas capacidades”, defendeu.  


Paralimpíadas 

Em 2023, no Caminho da Luz, aconteceram competições paralímpicas e, nesta semana, enquanto ainda acontece os Jogos Paralímpicos de Paris, dentro da instituição, modalidades esportivas foram apresentadas aos assistidos, assim como um comitê foi formado. Debora afirma que muitos atletas paralímpicos servem de inspiração ao demonstrarem como o esporte transformou suas vidas. “Essas histórias mostram como o esporte pode ser um caminho para a autossuperação e a realização de sonhos, mesmo diante de grandes adversidades”, pontuou. 


 Desafios e oportunidades 

A profissional, por outro lado, destacou a questão dos desafios diários quanto à acessibilidade e mudança de percepção da sociedade para a prática esportiva por parte de pessoas com deficiência. “Isso inclui a adaptação de espaços, equipamentos e a oferta de profissionais qualificados para orientar essas atividades, pois o esporte é determinante não apenas como um meio de tratamento físico para pessoas com deficiência, mas também como uma força transformadora que eleva sua autoestima, promove a inclusão e celebra suas capacidades, contribuindo para uma vida mais plena e significativa”, sustentou. 


Especificamente acerca do trabalho desenvolvido no Caminho da Luz, Debora disse ser essencial para promover o desenvolvimento físico, psicológico e social. “O trabalho realizado na instituição com pessoas com deficiência é uma prática enriquecedora que contribui significativamente para a saúde, o bem-estar e a inclusão social desses indivíduos. Ele requer adaptação, sensibilidade e um compromisso com a promoção da igualdade de oportunidades, garantindo que todos possam participar e se beneficiar das atividades físicas, independentemente de suas limitações”, enfatizou. 

  

APAE 

O jornal conversou também com o profissional Guilherme Veloso, que atua de forma direta com assistidos da APAE de Bagé por meio da bocha adaptada. Segundo o profissional, em 2011 essa prática começou a ser incluída nas instituições. Em Bagé, o projeto teve início com os cadeirantes Airton Lucas e Gabriel Leite. “No esporte, todos são cadeirantes, e a bocha adaptada é dividida em quatro classes, onde o atleta é incluído conforme sua dificuldade. Na bc1, por exemplo, é atleta com paralisia cerebral, mas com comprometimento motor maior, tendo a necessidade de auxiliar como apoio para a cadeira de rodas e bolinha”, explicou. 

  

Veloso relatou que, em 2012, Bagé começou a disputar as Paralimpíadas Escolares e, em 2017, conquistou a segunda colocação, a medalha de prata, por meio da aluna Daniela Marinho. O professor ressaltou a importância do esporte no tratamento. “O esporte muda a vida das pessoas e a bocha adaptada transformar cada vez mais a autonomia e competitividade dos cadeirantes”, pontuou. 

  

Ele fes referência especial ao aluno Gabriel Leite, que é cadeirante, mas possui o cognitivo preservado, que estava em início de depressão e a bocha transformou sua vida. “Começamos a trabalhar o Gabriel, viajar, competir. Ele saiu como primeiro colocado no Estado, foi para as Paralimpíadas, ficou entre os seis primeiros colocados já em 2015 e isso aí transforma vidas”, frisou. 

  

O atleta 

O atleta Gabriel, de 27 anos, possui paralisia cerebral e há oito anos pratica a bocha adaptada com o professor Guilherme, já tendo conquistado mais de 20 medalhas. Sobre o esporte, ele afirmou: “É minha motivação diária e novos aprendizados. Sinto amor pelo esporte e pela mudança que ele fez na minha vida”. 


A equipe de bocha da Apae Bagé é composta pelos atletas Andressa Maurente (categoria bc2) - staff (auxiliar) Marilene; Daniela Marinho (bc3) - staff Nara; Airton Lucas  - staff Jane; Kaua Azambuja - staff Alecio; Gabriel Leite - staff Fernando. O grupo tem como técnico Guilherme Veloso e fisioterapeuta Simone Silva. 


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