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Dilce Helena Alves Aguzzi

RECIPROCIDADE

RECIPROCIDADE 

A vida não é justa 

O mundo também não é. 

Tudo acontece de modo dinâmico, caótico e desorganizado. 

O ser humano é que tem o desejo de equilibrar e harmonizar as coisas, a vida, os fatos... 

Talvez para compreender, se encaixar, encontrar significado e fazer sentido. 

O ideal de justiça faz com que atitudes de busca por equilíbrio tornem viver menos amargo ou sem razão. 

Especialmente os relacionamentos humanos vão se organizando na busca de equilíbrio através da necessidade de reciprocidade, o desejo de oferecer e receber não exatamente na mesma medida, mas num fluir constante de vai e vem. 

Antes de aprender a oferecer aos outros aquilo que consideramos mais valioso, talvez seja útil apenas exercitar não fazer aquilo que ainda não toleramos. Ser alguém que doa o que tem de melhor não é tarefa fácil, embora existam exemplos de quem faça isso com maestria. Na presença de gente assim, sempre nos sentimos amados e especiais. Enquanto não sabemos ou não podemos viver dessa forma, apresentando aos outros sempre a melhor versão de nós mesmos (característica que também atende pelo nome de generosidade) já é de grande ajuda ter o cuidado para não oferecer aos outros nossa pior versão, aquela egoísta e tendenciosa, infantil e acusatória, pouco profunda, pois só conhece um ângulo certo: o seu. 

Se ainda não está pronto para ouvir críticas, não critique, se for impossível, pelo menos não o tempo todo. 

Se ainda não sabe aguentar uma brincadeira, não ouse voltar o humor aos outros, mesmo que a piada seja ótima ou pareça inocente... 

Se ainda não sabe ouvir, não exija ser escutado com atenção integral. 

Se não sabe ainda ser solidário, não espere amparo total somente porque necessita. 

Se não tolera ser cobrado ou exigido, cuidado não faça muitas cobranças ou exigências pois elas naturalmente se voltarão para você. 

Não exija atenção ao que lhe é importante, se tudo que não é seu é considerado bobagem sem relevância. 

Oferecer sinceridade e honestidade não é o mesmo que dizer tudo o que lhe passa pela cabeça. 

Não exigir. Não sugerir o que quer. Tomar a iniciativa em primeiro ao oferecer pode fazer a espontaneidade brotar, mas é preciso muita coragem, pois o que realmente existe para ser recebido em troca, pode ser decepcionante ou surpreendente. 


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