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Saúde

Santa Casa esclarece situação de pagamentos

Thais Nunes imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Hospital tem déficit mensal em torno de R$ 700 mil

Nesta quinta-feira um grupo de funcionários da Santa Casa de Caridade de Bagé se manifestou, em frente ao hospital, fazendo uma série de reivindicações, conforme o jornal Folha do Sul já havia adiantado na edição anterior. Durante a tarde ocorreu uma coletiva de imprensa com a administração do hospital esclarecendo alguns pontos. Entre eles, que há um atraso no pagamento das férias, não dos salários.

A coletiva contou com os esclarecimentos da administração e chefias de setores como pessoal e enfermagem. De acordo com o administrador do hospital, Raul Vallandro, os salários dos funcionários da Santa Casa estão em dia. "Nunca deixamos de pagar. A primeira coisa que fazemos quando entram recursos é pagar os salários. Temos pago até o quinto dia útil. Nós priorizamos esse pagamento", garantiu.

Quanto a sobrecarga de trabalho, ele disse que essa situação não ocorre no hospital. "O que ocorre é quando faltam a noite e não avisam. Então a chefia precisa correr para substituir quem faltou", esclareceu. Também foi citado que há um número alto de faltas no turno da noite. "Daí um maior número de pacientes para um mesmo profissional pode ocorrer", mencionou.

Sobre as férias, Vallandro afirmou que há quatro meses em atraso, incluindo o mês de outubro. "Não há salários atrasados. Somente férias", enfatizou. Os valores devidos, no total, podem se aproximar da casa dos R$ 500 mil.

Outra reclamação dos funcionários foi em relação aos atestados e cortes de folga para os que se ausentaram. O administrador garantiu que isso não é verdade e que não há cortes. Segundo a chefia de pessoal, o acordo coletivo prevê 12 atestados no ano. Porém, caso o funcionário precise apresentar mais do que o número permitido, sempre é feita trocas para que ninguém tenha prejuízo.

Sobre o adicional noturno, Vallandro ressaltou que os valores eram pagos contemplando o período entre 22h e 5h. Entretanto, o novo acordo coletivo prevê o pagamento até às 7h. "Nós vamos ajustar isso", garantiu. O mesmo ocorre em relação ao adicional de insalubridade. Recentemente, foi contratada uma empresa de Porto Alegre para elaborar um novo laudo, identificando quais funções devem perceber os valores e em quais níveis. Os resultados deste novo laudo devem ser implantados em breve.

Sobre o movimento dos funcionários, o administrador reconheceu que é legítimo, mas que a Santa Casa está buscando o equilíbrio financeiro. "Nós entendemos as dificuldades causadas por quatro férias atrasados e não nos orgulhamos disso. Mas é preciso saber que essa não é uma situação isolada e que todas as Santas Casas passam por isso. Tem hospitais em situação pior", afirmou.

Dados

A Santa Casa de Caridade de Bagé é um hospital privado filantrópico, ou seja, não é um hospital público, mesmo atendendo pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Pela legislação, o mínimo de atendimentos SUS que a Santa Casa deve ter é 60%. Entretanto, o hospital atende cerca de 88% SUS.

O grande gargalo dos hospitais, incluindo a Santa Casa, é a tabela SUS. Os valores de grande parte dos procedimentos não são atualizados desde 1994. A cada R$ 100 gastos pela instituição o SUS remunera, em média, apenas R$ 55.

Por isso, o déficit mensal da Santa Casa atualmente gira em torno de R$ 700 mil mensais. Aí entram diversos custos, como a compra de materiais e medicamentos, conta de luz (que é de cerca de R$ 120 mil por mês), dívidas tributárias, com fornecedores, passivos trabalhistas, além, é claro, da folha de pagamento. Esta última, de forma líquida, fica na casa de R$ 1,5 milhão por mês. "Por isso nós estamos sempre pedindo doações. As pessoas acham que entra muito dinheiro, mas a verdade é que essas emendas parlamentares que entram não cobrem um mês de folha", ponderou o administrador.

Outra questão é o aumento de custos com a pandemia de coronavírus. O Governo Federal aumentou os repasses para os hospitais atenderem os pacientes da covid-19, ainda assim, o valor não cobre nem metade dos gastos gerados para o hospital. "Não tem como fazer milagre com essa tabela SUS. Mas estamos trabalhando para reorganizar o hospital", disse.

Para se ter uma ideia, o custo mensal do hospital é, em média, de R$ 6 milhões. Contudo, a receita é em torno de R$ 5 milhões. "Então quando recebemos alguma emenda nós quase empatamos", pontuou Vallandro.

Perspectiva

A grande aposta da administração é quanto a expansão da Oncologia em Bagé. Com o incremento da Radioterapia, que deve iniciar as atividades em abril do próximo ano, a perspectiva é de que o hospital consiga aumentar a arrecadação, já que os procedimentos oncológicos são melhor remunerados. "Nós já somos referência e vamos dar um salto com esse serviço. A Oncologia tem um resultado muito positivo", projetou Vallandro.

Também há uma boa perspectiva quanto ao pagamento do 13º. A administração espera quitar os valores em dia, através de recursos que já estão engatilhados.

Por isso, a projeção da administração é que no próximo ano as finanças comecem a entrar em equilíbrio.

 

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