Com o frio intenso desta semana, se formou um mutirão em Bagé de diferentes setores para ajudar a minimizar os impactos das baixas temperaturas para os que mais necessitam. O Ginásio Presidente Médici (MIlitão) abriu as portas para acolher quem passa frio - em especial os moradores de rua.

Beliches foram instalados com roupas quentes, aquecedor, televisão, banho e refeições para receber as pessoas no local. Alguns já foram para lá nesta quarta-feira. A busca ativa por moradores de rua foi intensificada.

Apesar do frio impiedoso, o morador de rua conhecido como Falcão, de 52 anos, que não quis revelar o nome, disse para a reportagem que prefere ficar na barraca que ele mora há anos, na calçada do Palacete Pedro Osório, na avenida Tupy Silveira.

Falcão contou que desde os 15 anos mora na rua. "Sempre fui um andarilho, eu juntava latinha em Porto Alegre, quando fui atropelado, e após o acidente fiquei com problemas nos dois joelhos, sem conseguir trabalhar", lembrou.

Ao ser questionando porque não vai para o ginásio Militão nessas noites frias, em que a temperatura chega abaixo de zero, Falcão sustenta que na barraca ele e a sua companheira, a cadela Brigite, não sentem frio. "Eu tenho oito cobertores e bastante roupas porque ganho só coisa boa, e tem outra coisa, aqui eu tenho tudo. Sair daqui e deixar a minha cachorrinha, nem pensar- se eu vou para o ginásio, no outro dia eu chego e levaram tudo que é meu, por isso não vou para um lugar que posso tá tirando a vaga de outra pessoa que esteja precisando", justificou.

Ele garantiu que nem o forte frio que vem castigando Bagé e região vai lhe tirar da rua.