BAGÉ WEATHER

Lenda

Morre a dama do mais famoso bordel de Bagé

Arquivo pessoal imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Cristina morreu em Porto Alegre aos 76 anos

Aos 76 anos, morreu ontem a mulher que fez história em Bagé e região com a Chácara da Cristina. Nelci Terezinha Ferreira, que dá nome ao bordel mais famoso da Rainha da Fronteira, morreu em Porto Alegre. Ela enfrentava problemas de saúde há algum tempo. O corpo foi cremado na capital gaúcha. Nelci deixa uma filha.

Avessa aos holofotes, Cristina se notabilizou pela casa que era reduto em que os homens se encontravam para sexo e discutir política e futebol.

Durante 55 anos, ela comandou a casa na terra conhecida pelo machismo. Natural de Passo Fundo, chegou em Bagé com 19 anos .

Do anonimato Cristina ficou conhecida nacionalmente em razão de uma entrevista publicada pela revista Época. A reportagem detalhava que durante a semana o lugar mantinha-se cheio e aos sábados e domingos esvaziava-se. Ela explicou que os clientes reservam o sábado para a mulher, a sogra, os filhos. Os domingos ficam para a igreja. De segunda a sexta-feira, ocupantes de cargos estratégicos programam escapadas vespertinas. Outros chegam no início da noite para dar tempo de estar sentados com a família no começo da novela das 8. No final de semana, as garotas só são assediadas por caixeiros-viajantes, longe demais de casa. A prostituição é um negócio como outro qualquer. "Gosto do que faço e ganho dinheiro. Sou dona do meu nariz", disse ao jornalista que a entrevistou.

Gretchen é acolhida na casa

Na década de 80 a cantora Gretchen foi contratada  para fazer um show  em Bagé, mas  a apresentação acabou não ocorrendo e ela foi acolhida na Chácara da Cristina. Em 1992 Cristina foi entrevistada pela revista Época, que estampou como título da matéria "A Rainha da noite dos Pampas", e ela tinha orgulho em mostrar a revista para os frequentadores da casa.  Nelci fazia questão de sempre comemorar o aniversário da Chácara da Cristina com um show musical de artistas da terra. Logo que foi aprovada a Lei Seca, para não perder a clientela, ela pagava o táxi para eles irem para casa. Os   clientes que pagavam a conta com o cartão de crédito, no comprovante saía o nome de uma borracharia. Cristina começou a escrever um livro onde relatava o início de sua carreira como empresária da noite e casos pitorescos que aconteceram na Chácara da Cristina, mas a obra nunca chegou a ser lançada.

Em uma ampla reportagem publicada pelo blog de Marcelo Fialho em 2010, com o título "História da dama maior de famoso bordel será revelada", o profissional desnuda a história e a vida de Cristina. Ele escreve que a Chácara da Cristina é o nome fantasia de uma empresa devidamente legalizada nos ramos de boate, bar, restaurante e motel, e que paga uma fortuna em impostos. "Se tem evento em Bagé, a gente procura ter mais meninas, quando tem exposição boto vinte e cinco", contou a dama da noite.

Políticos eram frequentadores

De acordo com relato do blog, os que mais passaram pela casa foram políticos e depois executivos. A predominância na casa era de classe média alta.

"Então, uns vem aqui pra conversar fiado, fazem as rodas, tomam cerveja, contam histórias - para distração. E tem quem às vezes não tá bem em casa ou qualquer coisa, faz seu programa, vai embora e acabou. E acho que é uma beleza até pras mulheres, que eles não incomodam em casa", mencionou.

A dona do Pampa

Uma parte da reportagem da revista Época conta que, em outra sala, com uma mão no copo e a outra beirando o decote da amante, um político rasga-se em elogios ao cabaré. Conheceu-o ainda menino, trazido pelo pai para virar homem. Casado e aguardando os netos, não deixou de visitar "as gurias". "Aqui é seguro e posso me divertir", confidencia. A mulher, seguidora de cartilha antiga, finge não saber onde o marido procura aquecer-se nas noites geladas.

Anos atrás, o cabaré tinha sido alvo de uma rebelião de esposas menos cordatas. Segundo a publicação, desembarcaram dispostas a arrancar os consortes a tapa. Não encontraram nenhum. Como outra dama que invadiu o prostíbulo em busca do marido. Avisado, escapuliu pelos fundos. Quando ela voltou ao lar, encontrou-o sentado no sofá.

A reportagem descreve Cristina como a dona do Pampa e afirma que ela administrava a casa com frases curtas e olhar duro, e que fazendeiros e políticos circulam com desenvoltura.  

Morre a 'Rainha da noite dos Pampas', conhecida como Cristina Anterior

Morre a 'Rainha da noite dos Pampas', conhecida como Cristina

Bagé mantém racionamento neste inverno Próximo

Bagé mantém racionamento neste inverno

Deixe seu comentário