O longa Hamlet, de Zeca Brito, conquistou cinco "Kikitos" durante o 51° Festival de Cinema de Gramado: entre eles, o de Melhor Filme, Direção e Fotografia (dividida com Bruno Polidoro, Joba Migliorin e Lívia Pasqual). Trata-se do oitavo longa da carreira do bageense. A entrega das premiações ocorreu no sábado, na mostra de longas gaúchos. O filme também conquistou as estatuetas de Melhor Ator, para Fredericco Restori, e Montagem (Jardel Machado Hermes). 

"Este é o prêmio mais importante do cinema brasileiro", destacou Zeca Brito. "Quero dedicar aos meus colegas diretores e ao meu pai, Sapiran Brito, que é diretor de teatro, foi assistente de direção de Teixeirinha, e minha mãe, que é atriz e diretora de teatro, Marilu da Luz, que estão em Bagé", agradeceu, em seu animado discurso. Ele destacou que o filme serve para "mostrar para a sociedade que o modelo das grades não é o que serve para as salas de aula". 

A maior premiação 

À reportagem do jornal Folha do Sul, Zeca Brito destacou que a premiação é a principal janela de promoção das obras audiovisuais. Isso por reunir grandes jornalistas, a crítica, realizadores e pensadores do cinema. "É um espaço onde se debate a produção e onde a gente vai discutir a linguagem e as tendências, os caminhos que o audiovisual vai encontrando, vai seguindo", definiu, ao mencionar a honra de ter sido selecionado para a mostra. O cineasta ainda comentou que essa foi a maior premiação de um realizador do Rio Grande do Sul no Festival de Gramado. "Nunca tinha acontecido de um filme gaúcho levar tantos prêmios", explicou. 

"É um reconhecimento muito importante para a minha trajetória artística. Eu acredito que, com esse filme, de alguma maneira, estou colhendo o meu amadurecimento como diretor, como realizador, como cineasta", sustentou. E ele enalteceu que o júri concentrou prêmios importantes no filme: "Além dos prêmios técnicos, de Fotografia e de Melhor Montagem, também deu o de Melhor Ator, o de Melhor Direção, que é uma distinção bastante importante para a minha carreira. É o prêmio mais importante que eu conquistei até hoje. Esse reconhecimento no meu Estado, na minha terra, é muito importante".  

Zeca Brito destacou que, para compensar todo o esforço de fazer um filme sem recursos públicos, sem lei de incentivo, "todo na guerrilha, contando com o apoio dos colaboradores, de toda a equipe, foi muito bonito o prêmio de Melhor Filme", que é, segundo ele, uma distinção que consagra todos os envolvidos. "Os sete anos que a gente esperou para ter o filme pronto", pontuou. "Foram bastante recompensados com essa premiação", acrescentou.  Vale dizer que a produção, rodada em abril de 2016 em Porto Alegre, traz em seu elenco o crítico Jean-Claude Bernardet e conta com uma participação especial da ex-presidente Dilma Rousseff. O diretor também assina a produção (junto com Clarissa Virmond, Frederico Ruas e Tyrell Spencer) e roteiro (dividido com Ruas).   

Sinopse do filme 

"Em meio ao caos político no Brasil de 2016, os estudantes secundaristas se unem aos movimentos sociais, tomam as ruas em passeatas, protestos e reivindicações. Cobram o fim da desigualdade e denunciam manobras políticas. Diante de um iminente golpe de estado, o Jovem Hamlet tem de enfrentar seus maiores fantasmas, sua transformação em adulto e seu lugar na sociedade. Agir ou não agir? Enquanto as bombas explodem, o coração entra em chamas, o mundo exterior em ruínas e por dentro a construção da cidadania e a chegada da maturidade. Ser ou não ser?".