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Granizo gera caos e verdadeira mobilização para reconstrução

Luciano Madeira imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Moradores na manhã de sábado, no Camilo Gomes, na busca por amenizar problemas

Bagé, madrugada de sábado: um barulho, ao longe, indica a chegada de um temporal. Durante alguns segundos, a dúvida: "Será uma ventania?". Mas, logo, "pedras gigantes" começam a cair sobre as casas. De acordo com a MetSul Meteorologia, em vários pontos da cidade, as pedras de gelo excederam 10 centímetros de diâmetro. Apenas em uma análise preliminar, na manhã do mesmo dia, a notícia de que oito mil casas e prédios tiveram danos decorrentes do temporal. Mas, posteriormente, esse número se revelou bem maior - a estimativa passou para 10 mil casas atingidas.

Já nos primeiros minutos após a queda do granizo, os bageenses buscavam ajuda nas redes sociais. Os pedidos eram por lona. A Defesa Civil chegou a comunicar que recebeu mais de 10 mil mensagens e precisou disponibilizar outros números para emergências. Nas redes, muitos bageenses compartilharam que estabelecimentos comerciais estavam abrindo suas portas para atender a demanda por lona, manta asfáltica e telhas. E, antes mesmo de amanhecer, bageenses formaram filas em busca de proteção para suas residências, já que os prognósticos apontavam mais e intensas chuvas para a Rainha da Fronteira.

Bageenses choravam nas filas e relatavam terem perdido bens. Nos bairros, muitos aguardavam por ajuda, sem terem como adquirir os produtos. O Município chegou a comunicar que não havia lona para distribuir naquela manhã, mas que já estava em busca. Na mesma manhã, a distribuição começou. A Prefeitura, para dar conta dos pedidos de ajuda, precisou concentrar os cadastros em alguns pontos da cidade, como o Centro Administrativo, onde a população pôde fazer apelo por lona e telhas. Já no domingo, equipes do município foram às ruas para entregar essa ajuda aos bageenses. O trabalho se estendeu ao longo de todo o dia e também na segunda-feira.

Esse foi apenas um resumo do verdadeiro caos que se instaurou desde às 4h de sábado. Até mesmo quem tinha como pagar por lonas e telhas encontrou dificuldade para adquirir os produtos. Um leitor relatou que enfrentou filas em sete estabelecimentos - muito rapidamente os produtos esgotaram nos locais especializados. Muitos consumidores denunciaram preços abusivos: em alguns locais, o metro da lona estava sendo vendido a R$ 20. Algumas empresas, por outro lado, adquiriram mais produtos e disponibilizaram, no domingo, a preço de custo. A ASM foi uma delas: vendeu o metro da lona, no domingo pela manhã, a apenas 99 centavos - numa tentativa de ajudar a população.

Preços abusivos e venda de doações

De acordo com a Prefeitura, algumas empresas foram identificadas pelo poder público vendendo telhas e lonas a preços abusivos. Além disso, houve denúncia de que moradores que receberam itens como telhas e cestas básicas estariam comercializando esses materiais. "Não é hora de lucro. Algumas empresas já foram autuadas no sábado. Mas seguiremos fiscalizando. Aquelas pessoas que possuírem notas que comprovem esse preço abusivo devem encaminhar ao Procon. Volto a pedir que as empresas não façam esse tipo de comportamento porque serão responsabilizadas", enfatizou o prefeito Divaldo Lara.

A informação é que a Guarda Municipal fiscaliza denúncias que apontam que pessoas estão vendendo itens que receberam, como telhas, lonas e cestas básicas. “Quem for pego comercializando as doações que estamos entregando será encaminhado pela Guarda Municipal para a delegacia. Estamos num momento de tragédia, com pessoas que perderam todos os seus bens, tiveram imóveis severamente danificados e não será permitido que alguém obtenha vantagens ou lucros com essa situação”, sustentou o chefe do Executivo municipal.

Mobilização de empresas

Além de empresas que chegaram a vender o metro da lona por apenas 99 centavos (preço de custo), muitas iniciativas chamaram a atenção. Ontem, a reportagem verificou que a Art&Manhas - uma loja de presentes e artigos para casa - realizará uma live e metade das vendas será direcionada para ajudar quem precisa. O prefeito Divaldo Lara também confirmou a doação de duas mil telhas, feita pelas Farmácias São João. "Estamos totalizando 16 mil telhas, dos recursos da Prefeitura e da doação das Farmácias São João, a quem volto a agradecer a parceria e compromisso com nossa cidade", destacou Divaldo ontem à tarde. Outras iniciativas têm sido compartilhadas nas redes sociais.

Pix para doações

 
A Prefeitura criou duas chaves Pix dedicadas para contas de doação, permitindo que aqueles que desejam contribuir façam isso de forma rápida e segura. "As doações recebidas por meio dessas chaves Pix serão direcionadas para ajudar as famílias afetadas pela chuva de pedras e apoiar os esforços de reconstrução da cidade", destacou a Comunicação do Executivo.

Banrisul

- Agência: 0120
- Conta Corrente: 04.221.974.0-0
- Chave Pix: 88073291000199

Banco do Brasil

- Agência: 0034-5
- Conta Corrente: 88585-1
- Chave Pix: calamidadepublica@bage.rs.gov.br

Acidentes em telhados

No sábado, o município divulgou que foram várias as ocorrências na Santa Casa e na UPA 24 Horas, em decorrência do temporal. Dezesseis pacientes procuraram a UPA com crises de ansiedade. Além disso, 14 procuraram atendimento após caírem de telhados. Na Santa Casa, foram de 20 a 30 casos de pessoas que buscaram atendimento com escoriações leves também após atuação em telhados. Contudo, foram contabilizados oito casos graves, com fratura, e uma pessoa está na UTI com traumatismo craniano em decorrência de uma queda.

Busca por ajuda

 
Nesta terça-feira, o prefeito Divaldo Lara terá uma agenda com o governador do Estado, Eduardo Leite. O encontro terá como foco a busca por recursos e apoio do Executivo estadual para a recuperação das moradias danificadas pelo granizo. Além dessa pauta, Divaldo Lara fará uma reclamação ao governador sobre o serviço da concessionária de energia elétrica Equatorial. “Pessoas que não têm um cômodo de suas casas que não tenha sido danificado. Pessoas que perderam tudo. Ainda por cima ficaram no escuro. Portanto, eu destaco que tomaremos medidas duras com a Equatorial, que desconhece o momento que Bagé está vivendo e prossegue com o mesmo efetivo", justificou.

Aulas seguem suspensas nesta terça

Já no domingo, o prefeito Divaldo Lara anunciou que as aulas nas escolas municipais estavam suspensas nessa segunda-feira. "A medida é necessária visto que, além dos prédios de algumas instituições de ensino terem sido atingidos pelo granizo e estarem danificados, muitos professores e funcionários também estão com avarias nas próprias residências", justificou. O município informou que a situação das aulas seria avaliada para os dias seguintes. Na tarde dessa segunda, veio a confirmação: as aulas seguem suspensas nesta terça.

O resultado do levantamento feito nas escolas foi divulgado: pelo menos 18 escolas tiveram avarias graves, que impedem as aulas (isso será reavaliado nesta terça-feira). "Como a prioridade das frentes de trabalho é auxiliar as pessoas nas suas residências, os prédios públicos vão ficar em segundo plano para um segundo momento", informou a Comunicação da Prefeitura. Também foi concluído um levantamento de avarias nas unidades de Saúde. O PAM I, por exemplo, não funcionou nessa segunda-feira; da mesma forma, o Laboratório Municipal. No total, 17 unidades tiveram avarias graves.

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