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Velas votivas

Foram acesas pelo fim da guerra, agora pela pandemia

Arquivo imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Velas são acesas nas janelas das residências

No longíquo ano de 1933, o padre salesiano Edgar Aquino Rocha pediu aos bageenses que escurecessem a cidade e deixasse apenas uma vela acesa nas janelas das casas pelo fim dos bombardeios que estava ocorrendo no outro lado do oceano, por conta da Segunda Guerra Mundial. Passados 88 anos, na segunda-feira os bageenses irão acender velas, agora pelo fim da pandemia. Nesse dia, Bagé comemora a festa da padroeira do município - Nossa Senhora Auxiliadora.

Este ano, a organização dos festejos pede que os moradores de Bagé, às 19h do dia 24, apaguem as luzes das casas e acendam as velas nas janelas, pedindo pela saúde e pelo fim da pandemia.

Embora hoje não tanto com a intensidade de anos anteriores, Bagé ainda mantém a tradição acesa das velas votivas. A reportagem conversou com personagens sobre essa cultura que já vai fazer quase 90 anos.

A professora Elvira Nascimento (Mercinha)?comenta que é devota de Nossa Senhora Auxiliadora e sempre participa da procissão e coloca a vela na residência. "É uma tradição?e traz?uma mensagem para a humanidade, e esse ano?nossas velas?terão um valor imenso,?porque infelizmente?milhares de pessoas estão morrendo por causa desse?vírus", falou.

O professor?aposentado?Felipe do Pró conta que todo o tempo em que morou em Bagé sempre?participou?das celebrações?porque é devoto de Nossa Senhora Auxiliadora. "Mesmo morando há sete anos em Pelotas, sempre dia 24 de maio eu acendo as velas nas janelas do meu apartamento e alguns?vizinhos?ficam olhando?porque não sabem o que está acontecendo", relata.

A empresária Marilene Mendonça Silva fala que desde que chegou em Bagé?ela?acende as velas votivas?para pedir pela?saúde de sua família e pelo progresso da cidade que a recebeu de braços abertos. A ex-secretária de cultura e professora Maria Luiza Teixeira?da Luz?pontua que é?uma tradição de muitos anos. "Ao acender as velas, aproveito para agradecer???pelas bênçãos?que recebi durante?o ano e peço?paz?e harmonia".?

O aposentado Silvério Corrêa Gonçalves argumenta que infelizmente,?com o efeito da evolução, as coisas?vão se perdendo e a tradição de acender as velas votivas nas casas?nos dias atuais?é apenas daquelas pessoas que realmente?são devotas de Nossa Senhora Auxiliadora. "Lastimavelmente tem muitas pessoas que não sabem o significado do feriado do 24 de maio, e muito menos sabem da tradição de acender as velas", lamenta.

O advogado George Teixeira Giorgis? observa que aos poucos as tradições antigas de Bagé?vão acabando - como é o caso das velas votivas.

O frei Eudes?Zanon, que é um dos administradores da Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora, diz que está em Bagé há cerca de dois anos. O religioso fala que a tradição de acender as velas votivas?ainda é muito forte?na cidade. Ela comenta que as pessoas de mais idade?estão mostrando para os jovens como é preciso manter a fé no acendimento das velas e pedir?a cura do coronavírus.?"Muitas?pessoas estão evangelizando as famílias nesse momento difícil em que estamos passando", acentua.

Procissão motorizada

Pelo segundo ano consecutivo, em razão da pandemia, a procissão de Auxiliadora será motorizada. Na segunda-feira, feriado municipal - dia da festa da copadroeira de Bagé, acontecem quatro missas na paróquia - às 8h, às 10h, às 15h e a missa festiva às 17h, que será presidida pelo bispo dom Cleonir Paulo Dalbosco. Às 18h acontece a procissão motorizada, que irá passar por diversos pontos da cidade, como nas unidades de saúde e hospitais.

 

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