O mês de dezembro é verde como incentivo a adoção e também ao combate ao abandono e aos maus-tratos contra animais. Tal período foi escolhido para essa campanha por dois motivos: primeiro porque no 10 de dezembro é comemorado o Dia Internacional do Direito dos Animais. Além disso, é a partir do mês de dezembro e entre janeiro e fevereiro que aumenta e muito os casos de abandono de cães e gatos.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que no Brasil há mais de 30 milhões de animais abandonados. E não é preciso ir muito longe para ver a face cruel do abandono. Aliás, nem é preciso sair de casa. Diariamente, a presidente do Núcleo da Bageense de Proteção aos Animais, Patrícia Coradini, compartilha, em suas redes sociais, fotos e histórias chocantes sobre abandono e maus-tratos, também a luta para punir aqueles que deveriam cuidar, mas são negligentes ou cruéis.

Patrícia destacou que essa é uma triste realidade, que se repete: durante as festas de final de ano e férias, as pessoas abandonam os animais para irem passear. "Isso é muito comum", disse. "Outra coisa que está muito grande é a 'função' dos maus-tratos", destacou, ao compartilhar um caso que havia atendido pouco antes de conversar com a reportagem. "Um animal preso em uma sacada o dia inteiro no sol. Mas pensa em sol. Sem água. O bicho quase desmaiando, tentando se atirar da sacada", relatou. Foi preciso colocar uma escada em cima da viatura para o resgate do cão. "Só para ter uma noção da situação que está", sustentou. 

O perfil do abandono

De acordo com uma pesquisa da Cobasi, com 57 ONGs e protetores independentes, 68,4% dos cães abandonados são adultos e, em sua maioria SRDs, sem raça definida. Os vira-latas pretos e caramelos são os que mais sofrem com o abandono no Brasil. Mas muitos cães de raça são abandonados também. Dentre as principais raças estão pit bull, chow chow e poodle. Apesar de representar menos de 11% dos abandonos, entre os felinos também se destacam os gatos vira-latas que são maioria, mas siameses e persas foram muito citados durante a pesquisa.

Ainda de acordo com a pesquisa, 89,5% dos abandonos são motivados por mudança de residência. Outros motivos frequentes são o pet crescer demais, o outro pet da casa não se adaptar ou mudanças na rotina do tutor. Soma-sr a isso, como justificativas, a destruição de itens da casa e as necessidades no lugar errado. "Todos motivos que, no geral, poderiam ser evitados com o planejamento da adoção e a condução adequada dos contratempos, como adestramento, aumento no nível de atividade e enriquecimento ambiental", como argumentou a divulgação da pesquisa.