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Infraestrutura

Trecho da Bagé-Lavras deve levar mais um ano e meio para ser concluído

Gustavo Mansur/Piratini imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Com recursos do Tesouro, pavimentação integra o Plano de Obras do Piratini (foto de março de 2021)

por Silvana Antunes, do Tribuna do Pampa

 
O sentimento de moradores que utilizam com frequência a RSC-473, estrada que liga Bagé a Lavras do Sul, é de desesperança em razão da espera pela conclusão da obra de pavimentação de parte da estrada, que tem um total de 80 quilômetros.

 
A obra de 22,7 quilômetros, que compreende o trecho que inicia na BR-293, em Bagé, até o viaduto de Torquato Severo, iniciou em setembro de 2021 e possuía previsão de conclusão em 2022, mas até março deste ano, tinha pouco mais de quatro quilômetros de asfalto concluído.

 
Conforme relatado à reportagem, a demanda é antiga por parte da população, que tem sido, há anos, afetada por diversos transtornos negativos em razão das condições da rodovia. O jornal entrou em contato com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), para uma atualização acerca do trabalho realizado na estrada, bem como definição de prazos de conclusão dos serviços.

 
Em nota, o Daer informou que “a obra na RSC-473, entre Bagé e Lavras do Sul, está em andamento, mas foi bastante impactada com as chuvas do primeiro semestre deste ano. Vários serviços estão sendo refeitos na rodovia, principalmente terraplanagem. A previsão de término dos trabalhos é para o final de 2025”.

 
Problemas
O jornal conversou com duas pessoas que utilizam a estrada com frequência. Nos relatos, as dificuldades enfrentadas, o agravamento no que se refere ao transporte e o sentimento negativo pela demora da conclusão da obra.

 
O jornalista, servidor público e produtor rural Anderson Ribeiro, que mora no interior de Lavras do Sul e utiliza a estrada para ir trabalhar na cidade, disse que o problema de deslocamento tem se agravado devido as péssimas condições da estrada. “Em outros tempos, prejudicava o escoamento da safra e deslocamento pessoal, pela impossibilidade de trafegar com veículos pequenos, mas agora também tem um agravante, a empresa São João não disponibiliza ônibus que ligue as duas cidades em dias de chuva forte ou garoa. Isso faz com que os moradores da zona rural tenham mais dificuldade de cumprir seus compromissos”, relatou.

 
Ribeiro disse se arriscar a frisar que a situação enfrentada fere o direito constitucional de ir e vir, pois há tempos deixou de ser algo pontual. “Falando por mim, que trabalho em Lavras do Sul e moro no interior, em diversas ocasiões tive que ficar na cidade por não ter condições de trafegar na estrada, sem falar as inúmeras vezes que ficamos no meio da estrada esperando a boa vontade de moradores próximos que emprestam tratores para desatolar os veículos”, expôs o morador, relatando ainda que há problemas de deslocamento na área da Saúde e Educação, visto os veículos não conseguirem chegar em alguns pontos ou precisarem percorrer distâncias três vezes maiores para chegar ao destino.

 
O advogado e morador de Bagé, Luís Diego Soares, mas com propriedade rural no interior de Lavras, disse que a realidade é de desesperança em razão da lentidão da obra e realização de medidas paliativas. “Os 22 quilômetros que eram para ter sido entregues ao final de 2022, devem estar na metade e olhe lá. Temos apenas quatro quilômetros de asfalto liberados para trafegar e com o restante das intervenções deve somar um total de 12 quilômetros. Já o restante da estrada está abandonada, com suspensão do serviço de ônibus que faz a linha entre as duas cidades, diversos veículos atolados e só enxergamos medidas paliativas, demonstrando a continuidade da incompetência de todos os governos que antecederam o atual. A promessa feita pelo governador durante a campanha eleitoral de que todo o trecho seria asfaltado, não se tem nem notícias da movimentação de processo licitatório, sendo mais um engodo eleitoral”.

 
Ele destacou que a demora da obra causa o empobrecimento da região. “Essa situação é, sem medo de errar, um dos principais motivos da situação de pobreza da nossa região, pois esse caminho encurtaria distâncias entre os produtores e o Porto de Rio Grande, reduzindo valores de frete. Mas com a situação atual os valores são elevados, seja pelo aumento da distância quando os caminhões optam por desviar por Caçapava do Sul até a BR-153, seja pelas péssimas condições da estrada. Desde 2021, jamais tivemos a visita do governador ou do secretário Juvir Costella para fiscalizar. Estamos abandonados”.


Executivo lavrense
A reportagem conversou com o prefeito de Lavras do Sul, Sávio Prestes. Ao fazer referência sobre a situação da estrada, ele usou o termo “condições deploráveis”. “A maior catástrofe climática da história do Estado, afetou sim Lavras, Bagé, Dom Pedrito, e o que nós perdemos mais foi exatamente a estrada e estamos vendo um processo de uma imensa morosidade por parte da empresa contratada para fazer essa obra de só 22 quilômetros, que vai de São Domingos até o viaduto próximo a São Sebastião. Fazer uma obra que tinha R$ 22 milhões para fazer 22 quilômetros e não fizeram nem cinco quilômetros até agora. Não há fiscalização do Daer, já procuramos o Departamento várias vezes e não há uma explicação lógica de porque essa obra de só 22 quilômetros demorar tanto. Se o Estado afirma que o dinheiro está disponível, empenhado e pronto para pagar, penso que não está havendo efetivamente um funcionamento na velocidade que devia da empresa contratada”, afirmou Sávio Prestes, destacando o empenho do superintendente de Bagé, Nelson Martins, para a obra, mas que depende das condições impostas pelo Estado.

 
Quanto às dificuldades, o prefeito lembra que Bagé é cidade referência para Lavras do Sul quanto a Saúde, Educação e outros órgãos. “Todas as referências micro e macro regionais começam por Bagé. Temos ambulâncias, carros de viagem eletiva que precisam fazer 220 quilômetros quando poderiam fazer 70 quilômetros para chegar em São Domingos, onde tem asfalto. Nós temos transportes escolares aqui na RSC-473, que também pega a parte estadual, que estão destruídos pelas condições de estrada. Imagina um paciente de urgência e emergência, o tempo que ele leva para chegar em Bagé, podendo representar a vida ou a morte desse paciente? Os alunos pararam de estudar em Bagé, tiveram que se mudar ou desistiram da faculdade, porque uma maneira econômica e viável era ir com transporte coletivo, mas não há empresa interessada pelas condições da estrada. A própria empresa São João normalmente vem reafirmando a dificuldade que tem de fazer um trabalho de transporte coletivo na estrada”, detalhou.

 
Outro ponto destacado pelo prefeito Sávio Prestes é relativo ao setor agropecuário. Ele afirmou que foi proposto um tratado de cooperação mútua, onde junto aos prefeitos de Dom Pedrito, Mário Augusto Gonçalves, de Bagé, Divaldo Lara, e de São Gabriel, Lucas Menezes, deixariam à disposição máquinas dos municípios para fazer o trabalho, mas que até hoje o termo não foi analisado. “Ficamos tristes com essa situação. Tenho 57 anos e há 50 anos eu ouço essa história da construção da estrada e até hoje não vi nada acontecer. Como gestores temos grandes prejuízos nos municípios, na logística da soja, do gado, produção primária”, concluiu.


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