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Literatura

Uso das gelotecas gera críticas no meio cultural

Márcia Sousa imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Geladeiras nas calçadas são alvo de debate

Instaladas há alguns meses na cidade, mais precisamente na Semana de Bagé, as gelotecas ainda não são uma unanimidade entre a população, principalmente entre os integrantes do meio cultural bageense. O motivo é que elas podem acabar se tornando local de descarte, ao contrário da ideia original.

As gelotecas consistem em geladeiras que foram reformadas e receberam uma pintura especial. Elas foram distribuídas em alguns pontos da cidade, como o Instituto Municipal de Belas Artes (Imba), Casa de Cultura Pedro Wayne e prefeitura municipal. Todos na área central da Rainha da Fronteira. Em horário comercial, elas costumam ficar nas calçadas para o livre acesso da população.

Porém, nem todos concordam com a forma como as gelotecas funcionam. É o caso do escritor bageense Rodrigo Ungaretti Tavares, que participa ativamente da vida cultural da cidade. Para ele, as geladeiras acabam se tornando local de descarte. "Sou totalmente contra a experiência. Pois não apenas em Bagé, mas no país inteiro se mostrou falha. Serve apenas pra dizer que estão fazendo algo pelos livros, enquanto na verdade estão pensando apenas em uma foto para jornal ou redes sociais. As gelotecas como estão funcionando, além de contribuir para um visual horrível nas ruas da cidade, serve apenas para o descarte de apostilas e papel velho. Na minha última ida a Bagé dei uma olhada e nenhuma tinha livro para doação. Era apenas uma sucata pintada nas calçadas, abarrotadas de revistas antigas, papel úmido e sujeira. O formato poderia ser útil se as geladeiras fossem distribuídas nos centros comunitários, escolas de bairros sem biblioteca e que a nossa Biblioteca Municipal fizesse uma triagem de livros e distribuísse para as geladeiras. Mas para isso acontecer, a Biblioteca precisa de diretoria e não de uma secretaria política ocupando suas instalações", argumentou o escritor.

Outras pessoas também se juntaram a fala dele. Recentemente, em uma publicação nas redes sociais, outros agentes culturais da cidade também se manifestaram contra a forma como as gelotecas são utilizadas. Alguns lembraram do antigo projeto "Janelas do Conhecimento", promovido pela Biblioteca Pública, onde livros selecionados ficavam disponíveis nas janelas do prédio.

Por outro lado, o titular da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), que é a pasta responsável por desenvolver o projeto, defende que as gelotecas democratizam o acesso a leitura, podendo receber doações e incentivos. "Na nossa visão o projeto visa democratizar o acesso a literatura e deixar próximo daquelas pessoas que não tem habitualidade de leitura, além de podermos levar aos bairros de Bagé o projeto.

Queremos criar uma cultura de doação de livros também ondem as pessoas podem em qualquer geloteca espelhada pela cidade doar seu livro sem necessidade de se localizar até a biblioteca, que segue sendo o local cultuado e tradicional da literatura do mundo. As pessoas que criticaram o projeto deveriam na verdade valorizar e incentiva toda forma de literatura disponível, inclusive doando livros e patrocinando gelotecas para a cidade, situação que foi abraçada por alguns empresários", defendeu.

Enquanto isso, as gelotecas seguem nas ruas da cidade. A população pode pegar livros, assim como deixar outros para que mais pessoas possam ler. Ou então devolver as mesmas obras que já tinham pegado. 

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