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Debate

Teatrólogos defendem Comercial como complexo e não teatro municipal

Márcia Sousa imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Há quem defenda que estrutura pode ser teatro, restaurante e ter outras utilidades

Há pouco mais de um ano, o governo tratava da construção do teatro municipal na Biblioteca Doutor Otávio Santos. A ideia era contar com 390 lugares ali mesmo naquele espaço. A intenção era firmar uma parceria público-privada que viabilizasse tal iniciativa. Agora, porém, o teatro municipal poderá ter um novo endereço, em um prédio localizado no coração da cidade, o Comercial. Mas, afinal, o que pensam os envolvidos com a arte?

A adaptação do prédio do Comercial para este fim gera debate. Gladimir Aguzzi, que, inclusive, há alguns dias abriu inscrições para a oficina de teatro que ministrará ao lado de Dilce Helena dos Santos, "Teatro paravida", afirmou que é favorável à iniciativa. "Em primeiro lugar, precisamos de um espaço preparado para bons espetáculos e criar público. Mas um teatro não é só para teatro, é para dança, para música, para palestras. Um teatro municipal autossustentável permitirá que grandes espetáculos venham a Bagé", argumentou, ao acrescentar que o Comercial pode ser teatro, restaurante e ter outras utilidades.

Estrutura mais modesta

Sávio Machado, da companhia de teatro Bufões da Rainha, por outro lado, mencionou o projeto do Complexo Cultural Tarcísio Costa Taborda, assinado pelo arquiteto Sérgio Coirolo, nos anos 80. "Na planta do projeto existe o espaço físico de construção do teatro municipal, ainda hoje fechado 'em quatro paredes', na lateral direita da entrada principal da Biblioteca Doutor Otávio Santos", contextualizou. Machado, em síntese, é favorável à retomada e à revisão do projeto já existente. Ele ainda lembrou que, em 2012, Divaldo Lara, hoje prefeito de Bagé, afirmou para ele que esse (o de Coirolo) era "o projeto".

Tal projeto, conforme Machado, prevê um espaço com capacidade para produções e eventos locais, lotado de mezanino e cafeteira. Isso em anexo a biblioteca e ao auditório. Sobre o Comercial, afirmou que é favorável a continuação do debate sobre o uso do espaço. "E contra as adaptações do prédio para uso de uma casa de espetáculos", sustentou, ao ponderar que Bagé não precisa de um teatro com mil lugares, e sim uma estrutura mais modesta, que demandará menos recursos. Uma sugestão para o Comercial, segundo ele, é que abrigue o acervo do Grupo de Bagé.

"Nunca me chamaram"

Sapiran Brito é envolvido com o teatro já há algumas décadas, inclusive como ator. No início da década de 90, foi vice-prefeito e lembrou que, no governo do qual fez parte, começou a ser construído o espaço Tarcísio Taborda. Porém, este não chegou a ser concluído e depois, como definiu, ficou "escondido", ainda que um terço já esteja na Biblioteca Pública Doutor Otávio Santos. "O pessoal delira por um teatro maior, que está fora da nossa realidade. Nós não temos condições de ter um teatro para mil pessoas, porque nós não vamos enchê-lo. O ideal seria fazer lá em cima (na biblioteca) o teatro municipal, que não é tão pretensioso, que é uma obra menor", sustentou.

Brito, agora especificamente sobre o Comercial, comentou que é a primeira vez que se manifesta publicamente sobre o tema, porque não foi consultado por ninguém. "Nunca me chamaram", disse. Para ele, o ideal seria que fosse feito, no Comercial, um centro cultural amplo, inclusive com teatro, mas com outras atividades. Ele comentou que existe, criada por lei, a fundação Grupo de Bagé, que seria um complexo cultural que abrangeria as áreas do cinema, do teatro e da fotografia, por exemplo, com oficinas para a juventude.

"Tudo com dois, três pequenos auditórios. É o ideal", opinou. "Acho também que não se pode descaracterizar o Comercial pela sua importância histórica. Tem que ter muito cuidado com o que se vai fazer", acrescentou. Ele finalizou ao afirmar que, se tivesse dinheiro e poder, transformaria o local: manteria o salão principal para conferências, até pelo fato de que considera um local ruim para teatro e cinema devido a inclinação, e utilizaria as demais dependências para café, restaurante, um verdadeiro shopping cultural. Para Brito, um teatro moderno até poderia ser construído nos fundos, com 800 lugares, por exemplo, e até mesmo com um estacionamento subterrâneo, mas isso não agora, já que seria necessário bastante dinheiro e a conclusão do projeto na biblioteca demandaria bem menos recursos.

"Teatro para o teatro"

Michel Godinho, de Os Carlitos, destacou que há 28 anos espera por uma casa de teatro, com todos os requisitos mínimos de um local assim, para que o grupo dele possa realizar suas apresentações. "Um local assim, independente do local escolhido, precisa, acima de tudo, atender as demandas que o teatro necessita, entre plateia, palco e camarim", defendeu. "Acredito que, primordialmente, deve ser feito um projeto que abranja estas necessidades e que, democraticamente, tenha como prioridade os espetáculos artísticos, seja qual for o segmento, e não somente para formaturas ou eventos locais que, às vezes, tomam proporções maiores que apresentações de arte", acrescentou.

Godinho enfatizou que os artistas querem "um teatro para o teatro" e mencionou que, nesse tempo todo, já viu alguns projetos quase ganharem forma, mas morrerem nos 'ensaios'. "Espero que o majestoso Comercial não venha somente com o propósito de ter um porte imponente que tem se levantado, mas que, acima de tudo, seja uma casa de espetáculos que tanto sonhamos e não apenas mais uma promessa secular de um teatro", sustentou

Por fim, o diretor destacou que, hoje, há teatro Santo Antônio, de Santa Thereza: "Casa de apresentações de Os Carlitos e outros grupos e que precisa também ser valorizado e lembrado pela população e por toda a classe artística, mesmo sendo distante do nosso centro. Enfim, toda casa será bem-vinda. E espero que este projeto ganhe asas universais, que seja democrático a todos os artistas, que seja prático e que todos possamos chamar de nosso teatro municipal". 

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