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Setembro amarelo

Suicídio: desesperança é principal fator de risco

Reprodução/Internet imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Principal dica é acolhimento para busca de ajuda profissional

Setembro é o período em que o tema saúde mental fica em evidência. E muito se fala nas redes sociais e também na mídia tradicional, como jornais e televisão. "Sempre é muito importante a campanha do Setembro Amarelo, falar sobre esse assunto nunca é demais e o mais importante nesse assunto é qual o viés que a gente vai abordar", argumentou a psicóloga Dilce Helena Alves Aguzzi, que é colunista do jornal Folha do Sul. "Eu faço questão de reiterar que esse assunto é importantíssimo de ser conversado e que a gente deve enfatizar a prevenção ao suicídio", ponderou a profissional.

Ela defendeu a importância do Setembro Amarelo, ao argumentar que, sim, a questão da saúde mental e a conscientização, a prevenção ao suicídio, são temas urgentes e trabalhados durante os 365 dias do ano. "Qual a diferença do Setembro Amarelo? É trazer ainda mais notoriedade, enfatizar mais ainda que existem equipamentos gratuitos que estão a serviço da comunidade para avaliação, para o acompanhamento, para o suporte à saúde mental dos indivíduos. São as redes Caps, os Centros de Atenção Psicossocial", pontuou.

Dilce lembrou que, em Bagé, são três: álcool e drogas, o AD; Infantil, o Caps I; e o adulto. "Todos eles com toda a estrutura para uma escuta qualificada tanto no auxílio a crise aguda, como na avaliação e acompanhamento dos casos mais variados, onde possa existir ideação suicida ou o receio por parte dos familiares e amigos de que a pessoa esteja passando por uma situação de desesperança", elucidou.

Nessa campanha, argumentou a profissional, é preciso destacar que as pessoas que cogitam tirar a própria vida não necessariamente desejam morrer. "Elas sim desejam parar de sofrer", esclareceu. Dilce ressalvou que esse é um fenômeno complexo e multifatorial - sempre estão envolvidos muitos aspectos, como questões sociais, familiares, relacionais, existenciais, uso ou abuso de substâncias psicoativas ou tóxicas, transtornos mentais, infância, adolescência, situações de vulnerabilidade psíquica e emocional, situação de mudança ou de perdas, de rupturas. "São situações que podem estar, que geralmente estão envolvidas nesse complexo fenômeno, que é a questão do desejo de deixar de existir, o desejo de parar de sofrer, de cogitar isso como uma possibilidade de alívio", explicou.

Sinal de alerta

Alguns sinais, porém, podem servir de alerta. Uma mudança comportamental que seja muito intensa é um exemplo disso. "Pode ser abrupta ou pode ser gradual, a ponto da pessoa prestar atenção ('olha, nos últimos seis meses, Fulano mudou completamente sua atitude ')", exemplificou. Outros sinais são deixar de fazer coisas que a pessoa gostava, como práticas antigas e hobbies. "Atividades que cultivava, que traziam prazer", pontuou.

Também, perda do apetite, aparência desleixada e quando se torna relapsa com assuntos que, antes, eram importantes; um desempenho piorado em certas práticas em que anteriormente era habilidosa são sinais, ainda, assim como disponibilidade afetiva diminuída e atitude explícita de isolamento social.

"E principalmente o discurso de desesperança. Aliás, a desesperança é o fator de risco que deve levar a um auxílio para essa pessoa. É aquela fala onde fica claro que a pessoa não enxerga uma possibilidade. A gente tem que entender que a pessoa que está passando por esse nível de sofrimento psíquico está num grau de vulnerabilidade onde o foco é diminuído. Então, ela enxerga menos, cada vez menos, possibilidades. Ela não acredita que seja possível resolver, que é muito remota a resolução dos seus problemas", elucidou.

Quer conversar com alguém?

Diante de qualquer uma dessas situações, é preciso uma atitude adequada. "A primeira coisa é validar o sentimento. Nunca, jamais, invalidar a dor alheia. Ao contrário, mostre disponibilidade afetiva, desejo de simplesmente se aproximar. 'Está sentido isso? Ok! Vamos buscar uma saída? Quer conversar com alguém? Quer que eu te ajude a encontrar um profissional adequado para essa escuta?'. Não minimizar, não brincar, não menosprezar o sentimento", ressaltou.

Quando uma pessoa diminui o sentimento de alguém em crise, quando faz pouco caso da situação de alguém que passa por esse tipo de sofrimento, o efeito pode ser o contrário de ajuda. "Pode piorar o sintoma. Se a pessoa está num momento de desesperança e recebe esse tipo de acolhida ela pode confirmar consciente ou inconscientemente a sua pior hipótese, de que ela realmente está atrapalhando. Então, é muito importante validar, estar junto, oferecer apoio e gradualmente ajudar a pessoa a perceber que existem lugares apropriados para o tratamento, com profissionais, onde essa dor pode ser colocada em perspectiva com respeito, sem julgamento, para receber a atenção adequada para sair dessa situação", acrescentou.


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