Um dos rostos mais conhecidos de Bagé, Dirceu Silveira Jardim morreu, nesta quinta-feira, aos 80 anos. Ele, que tinha problemas cardíacos, morreu na manhã de ontem, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA)

Jardim era sempre visto sentando em um banquinho ao lado de sua inseparável Kombi azul. O veículo, desgastado com o tempo e já perdendo a cor original, era o espaço onde esse rosto lendário da Rainha da Fronteira expunha todo tipo de artigos. Panelas de ferro e outras raridades usadas em lidas campeiras dividiam espaço com uma infinidade de ervas para chá.

A velha Kombi azul se tornava pequena para tanta coisa. Ponchos eram pendurados do lado de fora. O ponto era a esquina da avenida Marechal Floriano e a rua Bento Gonçalves. Ali Jardim sentava no banquinho a espera dos clientes ou de uma prosa ouvindo o radinho de pilha.

A Kombi funcionava como uma farmácia natural. Quem procurava aliviar uma dor ou um incômodo físico encontrava vários tipos de ervas que eram usadas como chá. E quem quisesse podia comprar uma infusão de ervas com álcool. Sempre com uma boina na cabeça, em geral com poncho e barba espessa, Jardim era o protótipo do gaúcho da região da fronteira.

A nora de Jardim, Eliane Back, contou que o sogro, além de artesão, era alambrador e esquilador. Ele levantava todos os dias às 4h da manhã e colocava no interior da Kombi os produtos que levaria para vender durante o dia. "O meu sogro era uma pessoa muito alegre e tinha orgulho de ter saído no jornal. Ele sempre pedia para tirarem fotos dele ou dos ponchos e postarem nas redes sociais", disse.

Jardim foi tema de uma reportagem especial do jornal Folha do Sul, na edição do dia 7 de setembro de 2019.

Mondongo e churrasco

Mas a maior alegria dessa personalidade de Bagé, lembra a nora, era reunir toda a família para o almoço de domingo - onde um dos pratos que não podia faltar era a base de mondongo e, claro, um bom churrasco. Dirceu Silveira Jardim era casado com Inoemia Jardim e deixa os filhos, Dilsomar, Dilomar, Dirce Elaine e Dirce Mara.