Uma das mais belas arquiteturas no coração de Bagé: o Clube Comercial já foi palco de grandes eventos, como shows, formaturas, baile oficial da Expofeira, bailes de debutantes, concurso de Rainha do Carnaval do Estado. E como não lembrar dos tradicionais bailes de Carnaval realizados no prédio?! Tudo isso, porém, ficou apenas na memória de quem viveu e presenciou.

Após a Prefeitura adquirir o Comercial, a classe artística disse que ali seria o local ideal para a construção do tão sonhado teatro municipal, mas também teve quem defendesse que o espaço - depois de passar por uma mini reforma - fosse alugado.

Uma das cláusulas do contrato de venda do Comercial para a Prefeitura é que, além de ser um prédio tombado, o espaço tem que ser usado para uma atividade cultural.

Hoje, quem passa na frente do Comercial pergunta o que vai acontecer com o prédio. Vale lembrar que o clube enfrentava uma série de dificuldades financeiras. Para evitar que o prédio fosse a leilão, começou uma transição junto a Prefeitura; e, no dia 11 de junho de 2020, o clube Comercial foi vendido para o município pelo valor de R$ 7 milhões.

Três anos e quatro meses depois de ser vendido, a reportagem conversou com o ex-presidente Roberto Bandeira, que destacou que a Prefeitura ainda está dentro do prazo para quitar os R$ 5 milhões que o clube ainda tem a receber. Após assumir o Comercial, R$ 400 mil foram pagos porque eram referentes ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbano (IPTU) e R$ 1,2 milhão foram pagos em espécie.

Bandeira salientou que o restante do dinheiro devido pelo município pode ser pago em espécie ou através de obras na área da Saúde e Educação. "Mas, para isso, tem que ser obras significantes e precisam do aval da comissão do Clube Comercial, formada pelo ex-presidente Roberto Bandeira e pelos diretores Dóris Vaz e Rodolfo Móglia", disse.

Bandeira pontuou que, desse valor o clube quitou as dívidas com alguns funcionários e o restante foi aplicado em obras na área da Saúde e Educação para perpetuar o nome do Comercial.

"Nós fizemos aquisição de equipamentos para o serviço de radioterapia, construímos a sede da Liga Feminina de Combate ao Câncer, fizemos a acessibilidade no Caminho da Luz, reformamos toda a lavanderia da Fundação José e Auta Gomes, fizemos reforma na Santa Casa de Caridade, na Ala Álvaro José de Godoi, e construímos uma sala de aula para o Projeto Brigada Mirim", elencou.

Bandeira disse que fica triste ao passar pelo clube Comercial. "A sensação que tenho é que ele está atirado e abandonado", desabafou.

O vice-prefeito Mario Mena Kalil disse que recebeu a incumbência de arrumar o clube Comercial. "Eu estava lá com a minha equipe. Já tínhamos lixado as paredes e reformado o banheiro feminino", comentou. Kalil disse que, um dia, o pessoal que usava o espaço para jogar botão falou que havia um cheiro forte de queimado. "Chamamos os técnicos da Secretaria de Gestão, Planejamento e Captação de Recursos (Geplan), que foi com um engenheiro elétrico, e fomos informados que era necessário desligar todas as luzes do Comercial, porque tinha dado um curto circuito em um dos setores. Por muito pouco o clube não pegou fogo", explicou.

Mario Mena Kalil disse que foi preciso contratar uma empresa para fazer toda a rede elétrica do Comercial e também o Plano de Prevenção contra Incêndio (PPCI). "Na parte do fundos do clube, vai ter que ser feito uma mini estação e isso é um investimento de cerca de R$ 400 mil", ponderou.

Kalil disse que, como houve queda de granizo e a Prefeitura declarou estado de calamidade, as obras do clube Comercial estão paradas. Ao ser questionado se o Comercial vai virar um teatro, o vice-prefeito disse que ainda não se tem uma definição, mas que o clube vai ser direcionado para atividades culturais. "É necessário um diálogo com o Conselho de Cultura para decidirmos", afirmou.