A jornalista, escritora e atriz Edy Lima fez um pedido aos familiares que queria ser cremada e as cinzas fossem jogadas no Centro Histórico de Santa Thereza. A bageense morreu no dia 1º de maio, aos 97 anos, em São Paulo, onde vivia.

A presidente da Associação Pró-Santa Thereza, Marilu Teixeira, disse que ainda não tem a data?confirmada de quando serão trazidas as cinzas para Bagé, mas que em vez de jogá-las, a diretoria decidiu plantar uma árvore e junto enterrar as cinzas.

Marilu contou que pediu ajuda para o Ecoarte para que fosse escolhida uma árvore símbolo do Pampa Gaúcho de Bagé e que foi escolhida uma corticeira. "A princípio vamos plantar essa corticeira na frente do anexo onde vamos construir o centro comunitário. Acredito que isso deva ocorrer ainda este ano, mas a família está esperando passar um pouco essa pandemia", comentou.

A presidente falou que a escolha por Santa Thereza é porque no local tem um teatro e uma capela, e Edy tinha um carinho muito especial pelo centro histórico. 

Neto fala do desejo da avó

Em entrevista ao jornal Folha do Sul, o neto da bajeense família  ainda está estudando quando virão a Bagé, mas acredita que isso deva ocorrer apenas no segundo semestre, porque tudo vai depender da pandemia. "Minha vó falava muito de Bagé, embora ela tenha saído muito cedo da terra natal; Bagé estava marcado nela, ela falava muito da fronteira com o Uruguai, e como isso influenciava na linguagem", contou.

Guarnieri também comentou que a família está pensando em fazer uma doação de objetos pessoais e artigos de jornais que a bageense tinha guardado, mas não foi decidido quem irá receber o acervo. "Iremos a Bagé para realizar o último desejo da minha vó", disse Guarnieri. 

Brilho na escrita e pelos palcos

Edy Lima nasceu em Bagé, onde morou até a sua adolescência. Depois mudou-se para São Paulo. Na carreira como escritora, teve mais de 50 livros publicados. Ela é autora da série para crianças "A Vaca Voadora.

A escritora teve parte da sua obra traduzida para diversos idiomas, como, por exemplo, o espanhol. Ela também recebeu vários prêmios, como o Jabuti. Para o teatro escreveu várias peças, como "A Farsa da Esposa Perfeita". Na televisão participou da novela "Como Salvar meu Casamento", na extinta TV Tupi. 

O amigo da bageense e ex-secretário de Cultura, Sapiran Brito, recordou que na década de 80 foi realizado, em Bagé, o primeiro festival de teatro nativista, onde o grupo Presença de Santa Maria apresentou a peça a "Farsa". Brito comentou que em outra ocasião o neto de Edy Lima, o ator Paulo Guarnieri, trouxe a Bagé a peça "Esposa Perfeita". "Depois eu produzi aqui em Bagé, com artistas locais, novamente a peça "Farsa da Esposa Perfeita", que se passava no bairro Passo do Príncipe", relatou.

Sapiran Brito afirmou que Edy sempre teve um carinho por Bagé, e que em uma das edições do Festival Internacional da Fronteira ela veio à cidade, onde foi homenageada.