Quem passa pelo antigo prédio do clube Caixeiral não tem ideia do trabalho que tem sido feito para que ele volte a ser um dos mais belos e imponentes da principal avenida da cidade, a Sete de Setembro. De estilo eclético, o prédio não está original como muitos podem cogitar, mas deve ficar mais próximo disso após a conclusão do minucioso trabalho de requalificação. É o que destacou o empresário Valterilen Ribas Lopes, o Kiko. Ele informou que há três arquitetos envolvidos nesse processo, que, é preciso mencionar, leva tempo. "Nós vamos fazer as melhorias que o prédio merece e que são necessárias", enfatizou. "Isso para que o prédio fique com uma boa impressão para a cidade", ressalvou, ao lembrar que o imóvel já não é e não será um clube, ou seja, pertence a uma empresa privada.

Kiko comentou que, após a finalização da requalificação, a empresa definirá o que será feito - inclusive, já há interessados no imóvel (tanto em alugar o espaço como em adquirir o prédio). "Vamos deixar ele bonito para a sociedade ver, mas ele não é mais um clube", reiterou. O arquiteto urbanista Sandro Martinez Conceição detalhou o trabalho que tem sido feito, que envolveu pesquisa documental e um verdadeiro "exame" do prédio. Em síntese, o profissional explicou que a prospecção buscou descobrir, por exemplo, as camadas de cores que existiram no prédio. Vários pontos (na base, corpo e coroamento do prédio, tanto na fachada frontal quanto lateral) da estrutura foram considerados - geralmente aqueles de mais difícil acesso, que preservaram melhor, ao longo do tempo, essas camadas.

Com base na pesquisa documental - nos acervos do Museu Dom Diogo de Souza e do Arquivo Público -, foi possível fazer um estudo de contraste das fotografias das primeiras décadas do prédio. Também foi considerado um trabalho sobre as cores dos prédios da região, sobretudo daqueles de estilo eclético, como é o caso do imóvel de 1911. No trabalho de verificação das camadas, não só as cores foram verificadas, mas os materiais utilizados. O arquiteto urbanista mencionou algumas intervenções e o uso de cimento no revestimento, que originalmente não foi utilizado. Isso explica o descolamento de partes da fachada. E, na análise documental, o profissional também buscou entender como era o prédio e a evolução do seu entorno.

Conceição completou, ao justificar a afirmação de que o prédio não está tal qual há mais de 100 anos, o fato de que duas grandes reformas foram feitas - uma na década de 70 e outra na de 90. Vale mencionar, porém, que a parte externa está mais próxima do que se pode definir como original. Por meio do trabalho de requalificação, que não envolve só a parte de cores e revestimentos, já que também considera o telhado, os pavimentos e outras estruturas internas, até mesmo algumas peças originais serão replicadas. A intenção é que aquela pessoa que ingressar no prédio tenha noção do todo - ainda que possa constatar que muito foi refeito.

O arquiteto urbanista explicou que esse projeto contempla várias etapas muito em decorrência do grau de proteção do prédio no Iphae. É o vermelho, o mais rigoroso grau de proteção (interna e externa). Ele justificou: ainda que, por dentro, o prédio tenha sido bastante modificado, ainda preserva características. É importante esclarecer que todo esse trabalho, que ainda envolve um levantamento com scanner 3D que digitalizou alguns elementos para que seja possível redesenhar o prédio (para que o resultado do trabalho seja o mais fiel possível ao original), está em andamento. Após a finalização, será remetido ao Iphae para aprovação para que, então, as intervenções para a requalificação comecem. Além de Conceição, estão envolvidos nesse trabalho os arquitetos urbanistas Antonio Candido Trindade e Nelson Fernandez Sá Filho.