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Lideranças opinam sobre descriminalização do aborto

Reprodução FS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Há muitas manifestações pró-vida e também a favor da mudança da legislação

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, ainda na condição de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela descriminalização da interrupção voluntária da gravidez (aborto), nas primeiras 12 semanas de gestação. Ela é a relatora da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que começou a ser julgada na madrugada do dia 22 de setembro. O julgamento foi suspenso por pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso, e, com isso, prosseguirá em data a ser definida.

Tema amplo
O Folha do Sul ouviu diferentes lideranças para saber qual a posição delas sobre a descriminalização do abort. O presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos de Bagé (Omeb), pastor Ruben Ferreira, enfatizou que, ao abordar pautas como essa, é comum que os cristãos sejam taxados de ultraconservadores. Segundo ele, o tema é muito amplo e seriam necessárias muitas matérias para tratar todas as nuances e consequências dessa prática, tanto no âmbito emocional, quanto espiritual.

O religioso enfatizou que nem todo crente é contra o aborto. “Texto fora de contexto só serve para pretexto. Quem já não ouviu esta frase? Infelizmente, existem igrejas que dão mais ênfase a algumas partes da Bíblia, em detrimento de outras. Isso ocorre por inúmeros motivos. Pode ser pela real falta de conhecimento das Sagradas Escrituras, ou por tentar agradar uma parcela de sua congregação. A realidade é que nem toda igreja que se diz cristã tem a Bíblia como base para seus ensinamentos. Quem a tem, entende a importância do povo se posicionar contra a quebra de princípios tão importantes como este, que trata do direito à vida de inocentes”, pontuou o pastor.

Consequências de erros
Para o religioso, o aborto, na maioria dos casos, é a consequência de vários erros cometidos. Ele advertiu que não se conserta um erro com outro erro, pois isto apenas agrava a situação que já não era ideal. De acordo com o pastor, quem pesquisa um pouco, consegue chegar a inúmeros artigos que atestam o estrago que esta prática produz na vida da mulher, principalmente, mas também na de todos os envolvidos, e não apenas de forma imediata, mas a longo prazo. Ferreira cita as consequências emocionais, físicas e espirituais que acabam perseguindo estas vidas até que elas possam encontrar o perdão. “E aqui não estamos falando apenas do perdão de Deus, mas o mais difícil, o perdão próprio, por saber que foram capazes de tirar a vida de um inocente”.

Acrescentou que Deus é misericordioso com aquele que se arrepende de verdade, e rápido em perdoar. Mas, em alguns casos, a dificuldade em encontrar o perdão próprio chega ao ponto de causar a perda de mais uma vida; a da mãe ou responsável, que se sente culpado, de tal forma, que não encontra outra saída. O pastor lembrou que, antes de falar de aborto, as autoridades poderiam incentivar várias políticas e práticas que já existem, para falar sobre prevenção e, inclusive, a importância de esperar.

Ele salientou que a sexualização precoce, o incentivo à libertinagem e a falta de compromisso são algumas das raízes podres que levam à desvalorização da vida no ventre. “A falta de segurança pública para que as mulheres possam andar de forma segura também é uma questão muito anterior a esta solução rápida que o governo quer dar ao problema”, complementou. Ferreira comentou que as igrejas que integram a OMEB tem a Bíblia Sagrada como manual de fé e prática.

“Tira o útero”
O dirigente do Reino OyáNiké e Xango Agodô, Michel Martins, afirmou: “O que eu vejo é que esse caso, na realidade, está se tratando de caso política e de Saúde, e não de questões morais ou religiosa”, mencionou. Martins ponderou que o aborto sempre vai existir, seja legalizado ou clandestino, e que é preciso considerar a razão pelo qual a gravidez se tornou um problema “Então, resumindo, sou a favor da descriminalização, e sim contra o aborto, pois, hoje em dia, tem vários métodos contraceptivos, e muitos estão nem aí, até mesmo, além de gravidez indesejada, propensas a doenças, sendo que o ser humano está cada vez mais desumano, insano e inconsequente, não assumindo seus próprios erros. Então, se a mulher insana for fazer um aborto, já aproveita e já tira o útero, pois a mesma não terá mais o direito de gerar vida alguma”, asseverou o dirigente.

Assunto polêmico
O médico ginecologista e obstetra Michel Mansur Kaé afirmou que esse é um assunto muito polêmico, mas é preciso um cuidado maior por parte do Estado para aquelas pessoas mais carentes com métodos anticoncepcionais. O profissional confidenciou que é a favor da descriminalização em casos como de estupros, risco à vida materna e uma gestação anticefálica.

Favorável à legalização
A advogada Maria Victoria Pasquoto disse que, como profissional e pesquisadora feminista, é favorável à legalização, por questões de Saúde pública e preservação da vida de mulheres.

Totalmente contra
O bispo dom frei Cleonir Paulo Dalbosco afirmou que a Igreja Católica é totalmente contra qualquer atentado contra a vida, como o aborto. Segundo ele, a instituição religiosa é a favor da vida desde a gestação até o seu declínio final. “Como Igreja Católica, não concordamos com a questão do aborto, da eutanásia, porque a vida é um dom de Deus e nós devemos cuidá-la, preservá-la e defendê-la em todas as realidades”, reforçou o prelado.

De acordo com o bispo, como o aborto está sendo tratado agora tem um pronunciamento do apa Francisco, onde o pontífice diz que é uma questão humana não só religiosa. Dom Cleonir reafirmou que ninguém pode tirar a vida do outro, principalmente do indefeso, que é o caso de quem ainda está no ventre da mãe.

“A vida é um dom”
Air Nogueira, ex-presidente do Centro Espírita O Bom Samaritano, destacou que, quanto à discussão acerca da liberação ou não da prática do aborto, sua posição pessoal reflete "o entendimento que encontramos sobre o tema na Doutrina Espírita". Em síntese, argumentou: "Sou diametralmente contrário às práticas abortivas, pois, como nos demonstra a ciência, a vida humana tem seu início no momento da concepção, assim, ao praticar tal ato se está aniquilando uma vida. Isso sem considerar que o feto, por ser indefeso, nada pode fazer em sua defesa ou proteção. A vida é um dom concedido por Deus, portanto, somente ele possui sabedoria e autoridade para retirá-la".

Para ele, na verdade, a discussão deveria residir na responsabilidade dos atos, numa reflexão séria sobre as consequências de determinadas atitudes. "Que tomamos, muitas vezes, sem pensar e, depois, não desejamos arcar com o resultado, queremos fugir da responsabilidade", sustentou. "A Doutrina Espírita nos ensina e esclarece que, no momento em que ocorre a concepção, o Espírito já está ligado àquela célula embrionária que constituirá o seu futuro corpo. Então, quando alguém realiza esse ato impensado, irrefletido, desesperado – aborto –, está privando uma alma de retornar ao cenário terreno para dar continuidade à sua jornada evolutiva. Devemos considerar, ainda, que esse espírito pode ter profundas ligações conosco, fruto de relações em existência pretéritas", pontuou.

Pelos ensinamentos que a Doutrina Espírita, explicou, há somente uma possibilidade em que o abordo é aceito. "Quando a vida da mãe está em risco, pois, preservando a sua vida, oportunizando a realização de tratamento médico apropriado, essa mãe terá condições de, novamente, engravidar e permitir a reencarnação de um espírito que deseja, como todos nós, pelas experiências da existência física, evoluir moral e espiritualmente", enfatizou. Por fim, ele mencionou: "Devemos bem utilizar o nosso livre arbítrio, ponderar sobre nossos atos e escolhas, bem como suas inevitáveis consequências e termos a convicção e certeza de que a vida é concessão divina e somente o Criador sabe o momento de nos chamar de retorno à pátria espiritual".

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