Embora o papel da mulher na Igreja Católica remonte desde o Antigo Testamento, ela até então não tem papel de decisões da cúria romana. O Papa Francisco quebrou esse paradigma ao nomear duas freiras e uma leiga , para um comitê antes exclusivamente masculino que o aconselha na escolha dos bispos do mundo.

Desde que assumiu o trono de São Pedro, o papa argentino queria dar às mulheres cargos mais importantes e influentes na Santa Sé. Na semana passada, o sumo pontífice nomeou as primeiras três mulheres que integrarão esse organismo da Cúria Romana: Irmã Raffaella Petrini, atual Secretária-geral do Governorato do Estado da Cidade do Vaticano; Irmã Yvonne Reungoat, ex-superiora geral das Filhas de Maria Auxiliadora (Salesianas); e a leiga Maria Lia Zervino, Presidente da União Mundial das Organizações de Mulheres Católicas.

"Uma marca no tempo"

A reportagem conversou com o bispo Dom Frei Cleonir Paulo Dalbosco sobre essa abertura para as mulheres no seio na igreja. O religioso argumentou que, a Igreja Católica desde o início teve a participação muito forte das mulheres. Ele citou como exemplo - Maria que era uma camponesa e recebeu o chamado de Deus para ser a mãe de Jesus. "A participação da mulher na vida da igreja começa desde a encarnação quando Deus envia seu anjo para chamar Maria para ser a mãe de nosso salvador", salientou.

Dom Cleonir mencionou que, no início do Cristianismo , várias mulheres fizeram parte da vida e da missão da igreja, e com o passar do tempo com as mudanças foi que ficou mais restrito. Porém frisou que, atualmente,  o Papa Francisco retoma a valorização e a participação das mulheres na vida da igreja inclusive em instâncias de decisões. "Esse também é o caminho que a sociedade está fazendo , hoje temos mulheres no mundo com funções da mesma forma de que os homens porque elas tem as mesmas dignidades e o mesmo conhecimento", pontuou.

O bispo acrescentou que como igreja, considera um momento muito especial e uma marca no tempo com o Papa Francisco que escolheu três mulheres para fazer parte do Dicastério (secretaria) dos Bispos. "Elas farão parte do grupo que faz esse trabalho da escolha dos novos bispos, mas agora teremos a presença feminina. Nós avaliamos como igreja um fato muito importante e marcante", sublinhou.

"Sopro do Espírito Santo"

A diretora do Colégio Franciscano Espirito Santo, irmã Maria Ana Klein avaliou a nomeação das três mulheres para assumirem o Dicastéro como um verdadeiro sopro do Espirito Santo, "Tenho certeza que o nosso papa entende que homens e mulheres têm a mesma dignidade e podem contribuir com ele nos diversos serviços", asseverou a religiosa da Congregação das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã.

A reportagem quis saber a opinião de mais duas religiosas em Bagé. Uma visualizou a mensagem e não responderam a outra ficou de dar retorno somente um dia posterior a essa publicação.