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Conscientização

Consentimento da família ainda barra doações de órgãos

Arquivo/FS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Última doação em Bagé aconteceu em 2019

Nessa segunda-feira foi celebrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos. A data serve para conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto. Apesar da ampliação da discussão do tema nos últimos anos, esse ainda é um assunto polêmico e de difícil entendimento, resultando em um alto índice de recusa familiar.

De acordo com a psicóloga hospitalar da Santa Casa de Caridade de Bagé e membro da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), Lisiane Sefrin, a grande dificuldade é o consentimento da família. "Na verdade é o grande entrave", declarou.

"A decisão de doar os órgãos quando o paciente tem a confirmação da morte encefálica é da família. Somente a família pode decidir se serão ou não doados os órgãos", explicou. Por isso, muitas doações acabam esbarrando nessa permissão.

Uma pesquisa feita pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) em 2019 mostrou que em 43% dos casos a negativa familiar acontece porque o potencial doador, ainda em vida, não havia deixado claro qual era o seu desejo. Assim, as autoridades em saúde indicam que as pessoas devem expressar esse desejo para os familiares, para que não haja dúvidas na hora de permitir a doação.

Mas, para ser um doador existe uma série de requisitos que precisam ser respeitados. "O processo é basicamente assim:

Paciente interna na UTI, por algum tipo de doença que não seja infectocontagiosa, tem uma piora no quadro clínico e evolui para morte cerebral. Após o exame de eletroencefalograma, que constata oficialmente a morte cerebral, a família é comunicada e se faz a oferta da Doação de Órgãos. Caso seja aceito, notificamos a Central de Transplantes em Porto Alegre e se iniciam os trâmites legais", detalhou Lisiane.

A partir daí, começa uma verdadeira corrida contra o tempo para que os órgãos cheguem até quem está na fila pelo transplante. Em 2019 o jornal Folha do Sul registrou em uma reportagem especial o processo de doação de órgãos feito na cidade. Essa inclusive, foi a última doação realizada na Rainha da Fronteira. "Porque com o início da pandemia houve uma redução, tanto de doação, quanto de transplantes. Agora com a vacinação avançando é provável que aos poucos as coisas voltem a funcionar", justificou a psicóloga.

O baixo número de doações não acontece somente em Bagé. Conforme dados divulgados pela SES, em 2019, último ano antes da pandemia de coronavírus, houve 243 doações; em 2020 foram 182; e até agosto de deste ano, apenas 96. Os números podem ser ainda maiores em nível nacional. Apesar de a taxa de notificação de potenciais doadores de órgãos ter aumentado 13% no primeiro semestre de 2021, a taxa de doadores efetivos caiu no mesmo percentual (13%). Segundo os dados divulgados recentemente pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a queda se deve à perda de 24,9% na taxa de efetivação da doação.

Segundo a versão semestral do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) - balanço completo sobre doação de órgãos e transplantes no país - o transplante renal (19,2 por milhão de população - pmp) diminuiu 16,3%. As maiores quedas ocorreram nos estados de Santa Catarina (63%) e Rio Grande do Sul (59%). A queda do número de transplantes também pode ser atribuída à queda no número de leitos disponíveis para esses pacientes, já que em decorrência do aumento dos casos de covid e a necessidade de mais leitos para internações tanto nas enfermarias quanto nas unidades de terapia intensiva (UTI).

Lisiane salienta que os dados sobre transplantes são registrados na Central de Transplantes, em Porto Alegre. Por isso, é impossível saber, por exemplo, quantos bageenses estão na fila de espera por um órgão. "Acho importante frisar que as pessoas falem sobre esse tema. E que percebam que doar órgãos é um ato de amor", finalizou.


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