Cansados da espera por medidas estaduais e federais para a estiagem, mais de 2,5 mil agricultores e pecuaristas familiares foram até Porto Alegre para cobrar dos governos as medidas para minimizar os prejuízos provocados pela estiagem.

Da região, participaram o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, representado por Milton Brasil, e outras lideranças de municípios.

A mobilização, organizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) e pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, teve início às 6h, quando agricultores e pecuaristas familiares desembarcam em frente da sede da Superintendência do Ministério da Agricultura. O grupo permaneceu em protesto pacífico durante toda a manhã.

À tarde, o grupo seguiu em caminhada até a Praça da Matriz. Enquanto a manifestação acontecia, uma representação da Fetag-RS e dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais foi recebida pelo governador do Estado, Eduardo Leite, pelo chefe da Casa Civil, Arthur Lemos, e pelo secretário do Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini.
Enquanto a mobilização acontecia em Porto Alegre, em Brasília, sob liderança da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), uma equipe da Fetag-RS participou de diversas audiências, dentre elas com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, quando foi entregue a pauta do Grito da Terra Nacional e cobrado respostas para a pauta federal da estiagem.

De acordo com a Fetag, a pressão do movimento sindical ao longo dos últimos meses surtiu efeito e o governador do Estado, Eduardo Leite, fez anúncios importantes sobre a pauta da entidade a respeito da estiagem e sobre pautas futuras.

Entre os anúncios feitos pelo governador, em cima do carro de som, estão a anistia do Programa Troca-Troca de Sementes; a prorrogação até agosto dos vencimentos para encontrar um caminho jurídico que permita a anistia do programa Troca-Troca Forrageiras. Caso não seja possível, assumiu o compromisso de ampliar o desconto, que hoje é de 30% - Fetag-RS solicita desconto de 90%.

Também anunciou a criação de um grupo de trabalho formado pela Fetag-RS e pela secretaria do Desenvolvimento Rural para discutir a respeito de programas a serem implementados futuramente, a exemplo de uma linha de crédito, dentro de um Plano Safra Estadual para fomentar a conservação de solo e preservação de água nas propriedades da agricultura familiar e subsidiar os juros do Pronaf.

Além de anunciar o pagamento da parcela do SOS Estiagem para agricultores que eram beneficiados e não estavam na lista: cerca de 700 famílias serão beneficiadas. O governador Eduardo Leite também assumiu o compromisso de aumentar o recurso para a realização de feiras no Estado e também a ampliação da disponibilização de recursos para o Bolsa Jovem.

Segundo a Fetag, depois de receber um balde de água fria, sem anúncios do governo federal, os agricultores presentes na mobilização acordaram em assembleia que dão o prazo de 15 dias para o governo federal fazer anúncios da pauta entregue, caso contrário, retornarão para a rua em pontos estratégicos do Estado.

Para o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, “os anúncios do governo do Estado foram importantes, atenderam parcialmente a pauta da Fetag-RS". E garantiu: "Nós continuaremos cobrando para a efetivação das medidas. Sobre o governo federal, a nossa cobrança daqui para frente será ainda mais forte. Nossa mobilização ecoou em Brasília, mas parece que o governo não se sensibilizou e nós, enquanto federação, vamos ouvir a voz dos agricultores que clamam por respostas”.