Violência doméstica
O drama e o abandono das mulheres do meio rural
Luciano Madeira imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Luciane fez revelações na redação do Folha do Sul
A crueza da violência contra mulheres que moram no meio rural aumenta a sensação de abandono por parte do Estado. São mulheres que sofrem com a violência doméstica como se fossem invisíveis aos olhos de quem deveria protegê-las.
Esse é o retrato do drama de mulheres que são vítimas na região - relatado pela Coordenadora Regional das Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bagé, Luciane Lacerda Vignol, que também é presidente da Associação de Moradores do Olhos D'água. Ela visitou a redação do Folha do Sul acompanhada pelo presidente do sindicato, Milton Brasil.
A conversa aconteceu no final do dia dessa sexta-feira gelada. Luciane revelou que a violência doméstica se alastra no meio rural. Segundo ela, as notícias não chegam até a cidade porque essas mulheres se sentem abandonadas. A coordenadora disse que a maioria sofre violência física, psicológica e muitas ameaças de morte - não só por parte dos maridos como também dos filhos. "Infelizmente, as mulheres do interior são muito submissas aos maridos, e elas têm que entender que isso já acabou", asseverou a coordenadora.
Luciane falou que tem conhecimento de casos em que nem os vizinhos querem se meter. "São daquele tempo que em briga de marido e mulher não se mete a colher e isso é um erro. Devemos sim meter a colher e denunciar essas agressões", alertou.
A coordenadora enfatizou que, durante a pandemia, o telefone dela não parou de tantas denúncias de casos de violência doméstica. Ela contou que teve um caso em que um marido foi na casa dos vizinhos ameaçá-los de morte caso eles abrissem a boca para contar que a esposa dele sofria agressões.
Na própria pele
Luciane confidenciou que foi casada por 30 anos e muitas vezes sofreu violência psicológica. Um dia, ela resolveu dar basta e se separou.
A reportagem entrou em contato com a Delegacia Especializada ao Atendimento à Mulher (DEAM). A delegada Daniela Barbosa de Borba disse que a DEAM recebe denúncias de mulheres vítimas de violência doméstica que moram no interior, mas são em menor número. Ela lembrou que as denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo telo telefone 3241 3709. Também foi feito contato com Cândida Navarro, que é a titular da Coordenadoria da Mulher, mas ela não atendeu a ligação.
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