Nesta quarta-feira, é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data, oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU), ficou conhecida por simbolizar a luta das mulheres por condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, a data de 8 de março remetia a reivindicações por igualdade salarial, hoje simboliza a desigualdade salarial, mas também o machismo e a violência.

Bagé conta com sete delegacias da Polícia Civil: três delas têm no comando, as delegadas Caren Nascimento, Carolina Funchal Terres e Waleska Aline Alvarenga. Essas delegacias contam com um novo perfil de liderança. A reportagem conversou com as três profissionais, que falaram como é serem policiais e também donas de casa e mães.

“Pulmão da cidade”

Natural de Lavras do Sul, solteira, sem filhos e há nove anos como delegada, Caren Nascimento é a responsável pela Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA). Essa delegacia é como se fosse o “pulmão da cidade”, pois é nesse espaço que são feitas todas as ocorrências, não só de Bagé como da região. Para ela, ser delegada é uma alegria e um desafio ao mesmo tempo. “Saber que podemos ajudar as pessoas e ver o resultado do nosso trabalho na comunidade nos deixa muito satisfeitas”, mencionou.

Caren comentou que o crime vem crescendo e isso faz com que os desafios aumentem. A profissional falou sobre o os desafios de ser mulher e trabalhar em ambientes em geral ocupados por homens. “Hoje, assumimos esses espaços mostrando o nosso valor como mulher. A mulher pode trabalhar onde ela quiser”, asseverou.


"Mulher não veio da costela"

Carolina Funchal Terres, natural de Porto Alegre, separada, tem dois filhos. Com 10 anos como delegada, ela está à frente da 2ª Delegacia de Polícia Civil. Para a policial, o 8 de março é um dia simbólico porque representa uma luta de muitos por direitos aos quais não se dava acesso às mulheres, como ao voto e a uma jornada de trabalho com remuneração igual ao do homem, e até mesmo ao direito policial.

Carolina disse que, na Polícia Civil, houve anos - não tão longínquos - em que a mulher não podia ingressar na carreira. Lembrou que, recentemente, uma mulher foi chefe da Polícia Civil no Rio Grande do Sul (a delegada Nadine Anflor, que é deputada estadual) e tem diretoras de departamentos dos mais importantes dentro da Polícia Civil. “Como delegada, me sinto abençoada por poder ajudar as pessoas, pois nosso lema é servir e proteger “, falou. E acrescentou: “Sempre digo que, enquanto existir o machismo, precisaremos do feminismo. Afinal, a mulher não veio da costela do homem, mas sim os homens vieram do útero de uma mulher”, argumentou.


Inspiração feminina

Natural da cidade de Ipatinga, em Minas Gerais, a delegada Waleska Aline de Alvarenga é casada e tem dois filhos. A mineira que há um ano atua como delegada, comanda a Delegacia Especializada ao Atendimento à Mulher (Deam). Ela revelou que resolveu prestar concurso público após ter tido os dois filhos. “Posso afirmar que eles não foram empecilhos na minha luta diária de estudos. Muito pelo contrário: sempre foram um grande estímulo para eu não desistir”, disse.

Walesca falou que, como titular da Delegacia da Mulher, sente-se completa e realizada, pois esse sempre foi o seu sonho. “Poder ajudar outras mulheres, que estão sendo vítimas de violência doméstica e familiar, é algo realmente impactante na vida de toda a família envolvida, principalmente daquela mulher e de seus filhos”, salientou.

Para a delegada, as mulheres têm que se organizar para dar conta de todas as atividades do cotidiano. “Além de exercer a função de delegada, prevenindo e combatendo a violência, também quero motivar e inspirar as demais mulheres a lutarem por seus sonhos e projetos. Por isso, desejo um feliz dia internacional das mulheres”, sublinhou.