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Suicídio

Psicóloga aborda fatores de vulnerabilidade e proteção

Reprodução FS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Profissional destaca importância do acolhimento sem julgamento

O Setembro Amarelo marca a importância de dialogar sobre a saúde mental. Nesta semana, o governo do Estado divulgou um informe epidemiológico sobre suicídio no Rio Grande do Sul, com uma série de orientações para os gestores de Saúde. Alguns dados chamam bastante atenção: de acordo com o estudo, 80% dos suicídios registrados no Estado são de pessoas do sexo masculino. "A taxa de mortalidade dos homens cresce conforme avança a faixa etária, aumentando também a diferença em relação ao sexo feminino", pontua.

Também consta o crescimento da taxa de mortalidade de adolescentes de 15 a 19 anos, a partir de 2018. E há a informação que houve um aumento na taxa de idosos de 70 a 79 anos e de 80 anos e mais, a partir de 2019. Inclusive, vale mencionar que o estudo já conta com dados preliminares de 2022. O Folha do Sul conversou sobre esses dados com a psicóloga Dilce Helena Alves Aguzzi.

Entrevista
Folha do Sul - Pela tua experiência, a que se deve tamanha diferença?! Os homens tendem a não pedir ajuda e buscam menos pelos profissionais?!
Dilce - Os homens culturalmente tendem a não falar sobre seus sentimentos. Essa característica está em transformação, mas ainda é muito lenta. A dificuldade em compartilhar as vulnerabilidades potencializa os fatores de risco, pois aumenta o isolamento.


Folha do Sul - Acreditas que a pandemia possa ter impactado negativamente para ambas faixas - jovens e idosos?!
Dilce - A pandemia impactou o psíquico de todos, pelo isolamento e pelo aspecto estressor. Foi um grande impacto no estilo de vida de todos. Ainda estamos nos recuperando.
Em relação aos adolescentes, a vulnerabilidade está mais relacionada ao comportamento de risco, impulsividade e as crises existenciais típicas desse momento delicado do desenvolvimento psíquico. A adolescência pode ser um período muito intenso e extremamente estressante.
Da mesma forma, a fase da velhice acarreta em outras crises existenciais, perda de qualidade de vida, de amigos e familiares. Dificuldades relacionadas a independência e a proximidade com o final da vida.


Folha do Sul - De que formas ajudar um idoso?! Como identificar que ele possa estar lidando com pensamentos suicidas?!
Dilce - Na questão tanto do idoso quanto do adolescente, quanto de qualquer outra faixa etária, a forma de ajudar é pelo acolhimento. É o acolhimento sem julgamento. É a proximidade. A questão da família, dos amigos estarem próximos. Afetividade: esse cuidado, esse aconchego, das pessoas conviverem, e poderem saber que o outro não está tão bem. Se aproximar, ter com quem conversar - bem essas coisas do compartilhar das emoções. Esses são os fatores de proteção.
E, quando a gente fala em prevenção ao suicídio, tem que prestar atenção em duas coisas: os fatores que são de vulnerabilidade e os fatores que são de proteção. Os fatores de vulnerabilidade têm a ver com as questões de crise, as particularidades de crise, questões de saúde mental, mas também tem a ver com isolamento, dificuldade em compartilhar as emoções, as questões que inviabilizam as pessoas de receberem apoio, suporte e acolhimento.
E o contrário disso são os fatores de proteção. Os fatores de proteção são família, laços e vínculos afetivos, o preocupar-se um com o outro, a empatia, a proximidade, a socialização, as responsabilidades, ter pelo que lutar, ter projetos, ter aspirações. Então, tanto na adolescência quanto na vida adulta e, principalmente, na velhice, a forma de prevenir, uma das melhores formas de prevenir, é manter o olhar e a atenção nos fatores de proteção. Evidenciar muito essa atenção aos fatores de proteção.
Os pensamentos nos invadem a mente o todo. Nem todos são verdades, nem todos são confiáveis . Prestar atenção na qualidade dos pensamentos é algo muito importante. Saber que quando os pensamentos estão mórbidos e constantes deve-se buscar ajuda.

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