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Relato

Mãe fala sobre o drama da ausência da filha que foi assassinada

Márcia Sousa imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - "Vou chorar até o último dia da minha vida pela morte da minha filha"

No dia em que completou um ano do assassinato que chocou o Estado, a mãe da vítima levantou cedo e, num tributo à filha, foi aos supermercados pedir doação de gêneros alimentícios para os mais necessitados.

Próximo das 13h de ontem, Fernanda Vinholes, aos prantos, emocionou os presentes num ato na Praça Silveira Martins, que lembrou um ano em que Ana Carolina Vinholes Meneses de Moraes, de 12 anos, foi assassinada em Santana da Boa Vista.

Aos prantos, Fernanda, ao microfone, desabafou que desde aquele dia trágico não tem mais vida. "É impossível eu conseguir viver. Muitas pessoas dizem que eu sou forte, eu não sou forte, quem convive diariamente comigo sabe o quanto eu sofro, o quanto eu choro todos os dias. Quando perdi minha filha não me restou mais nada na vida, porque os planos que eu tinha com ela acabou no dia que ela foi morta", falou.

Mesmo em meio à dor da lembrança, de forma objetiva, Fernanda fez uma contextualização sobre a impunidade no Brasil, onde as vítimas não têm direitos e o assassino da filha tem. "Escutei de políticos que me falaram 'se fosse com o meu filho eu matava'. Fica uma pergunta, eu tenho o direito de matar o monstro que matou a Ana Carolina, não vou me igualar a ele jamais", asseverou.

A mãe de Ana Carolina argumentou que o que falta são leis mais rígidas - pois hoje os bandidos têm privilégios. E contou que passado um ano do assassinato da filha, até hoje nunca recebeu um telefonema dos Direitos Humanos.

"Vou chorar até o fim"

Muitos que passavam nas calçadas e até em veículos, paravam para ouvir o clamor de Fernanda. "Vou chorar até o último dia da minha vida pela morte da minha filha. Sinceramente, eu não acredito na Justiça. Um ano sem a minha filha, um ano que venho chorando. Aí pergunto onde está o pessoal dos Direitos Humanos que nunca me deu um telefonema, eu só tenho apoio da minha família e dos amigos", desabafou. 

O ato realizado em Bagé em homenagem à menina que foi morta no dia 10 de junho do ano passado, foi uma iniciativa do grupo Mulheres do Brasil. A ação foi marcada pelas manifestações de um representante espírita e um frei da Igreja Católica.

Pablo Bragamonte, pai de Ana Carolina, disse que a sua vida mudou completamente depois da morte da filha. "Ela era uma criança maravilhosa, alegre, amorosa. Eu a pegava a cada 15 dias para passarmos o final de semana juntos, e desde da morte da minha filha minha vida está muito difícil", confidenciou.

Bragamonte comentou que o assassino está preso em Canoas, mas agora a família aguarda o julgamento, o que acha que ainda vai demorar em razão da pandemia.

Durante a manifestação, foram arrecadadas doações para serem entregues às famílias mais necessitadas. No final do ato, a família soltou 365 balões brancos. 

O crime

Ha um ano, numa manhã de quarta-feira, a menina, de 12 anos, foi assassinada em Santana da Boa vista por Doglas de Oliveira, de 29 anos, que confessou o crime. A menina saiu para ir a uma costureira, que mora em uma casa próxima, para levar uma encomenda, mas não encontrou a mulher. Na residência, estava apenas o assassino. A mãe da menina desconfiou da demora da filha para voltar e decidiu ir procurá-la. Quando chegou em frente ao local, encontrou um par de tênis dela na porta e, desconfiada, acionou a Brigada Militar. Inicialmente, o bandido disse para a mãe da vítima que a menina não estava na casa. Depois, ele permitiu a entrada dos policiais que encontraram o corpo da vítima dentro de um roupeiro em um dos quartos. A menina estava com um cachecol enrolado no pescoço e despida até os joelhos.

 

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