Novo conflito entre Israel e Palestina chama atenção do mundo. A Sociedade do Crescente Vermelho (movimento internacional humanitário) palestina disse que mais de 305 palestinos ficaram feridos no episódio e que ao menos 228 deles foram levados a hospitais. Vários se encontram em estado grave e a polícia informou?que 21 agentes ficaram feridos. Conforme a Agência Brasil, manifestantes palestinos atiraram pedras e policiais israelenses dispararam granadas de atordoamento e balas de borracha em confrontos diante da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, nesta segunda-feira, quando Israel comemorou o aniversário da captura de partes da cidade na Guerra dos Seis Dias.

Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã, é um foco de violência em Jerusalém durante o mês muçulmano sagrado do Ramadã, e os conflitos causam?preocupação internacional.

Do outro lado do oceano - os 11 709 quilômetros de avião que separam Jerusalém e Bagé -, familiares acompanham daqui apreensivos o que ocorre na terra sagrada para o cristianismo, islã e judeus. Por ter um número expressivo de palestinos e descendentes em Bagé, a reportagem conversou com o empresário Nasser Yousuf sobre o conflito na Faixa de Gaza. Filho de palestinos, ele nasceu em Brasília e mora há anos em Bagé, onde foi vereador e presidente do Legislativo pelo PDT.

Segundo ele, o conflito tem relação com Jerusalém, que é o terceiro lugar mais importante para os muçulmanos. Em primeiro lugar vem Meca, na Arábia Saudita, e em segundo a Medina. "Jerusalém é a capital indivisível da Palestina, porque, inclusive, nenhum país da Organização da Nações Unidas (ONU) reconheceu Jerusalém como capital de Israel, com exceção do governo anterior do Estados Unidos", disse.

O empresário falou que no mês do Ramadã (mês sagrado para os muçulmanos), os judeus religiosos, de uma forma?ofensiva, tentaram denegrir a imagem do islã e dos palestinos ao invadiram a mesquita de Al-Aqsa. "Mesquita essa que já fui?por 11 vezes, e é o terceiro lugar mais sagrado,?e foi o que causou todo esse tumulto", comentou.

Yousuf disse que hoje os territórios ocupados na Palestina são a maior prisão a céu aberta do planeta. Segundo ele, são mais de cinco mil palestinos presos, entre os quais 300 mulheres?e quase cem crianças. "O tratamento que Israel dá ao povo palestino é desumano", pontuou.

O empresário afirmou que os judeus entraram na mesquita até com cachorros. "Hoje a população de Gaza está armada e existe uma resistência muito forte do povo palestino?em relação ao estado de Israel", mencionou.

Parentes na região de conflito

Yousuf contou que tem parentes na região dos conflitos, mas estão todos bem e seguros. Segundo ele, a Palestina é um território de 27 mil quilômetros quadrados. O empresário disse que tem parentes em Jerusalém e que conversa?todos os dias?com eles. "Os meus pais?queriam voltar para a Palestina,?mas?em razão da pandemia estão aqui em Bagé, mas já estamos nos organizando para irmos em?setembro, se tudo der certo", falou.

Ele informou que em Bagé tem aproximadamente?200?palestinos ainda da primeira geração, e a maior?concentração deles está na fronteira do Rio Grande do Sul, em cidades como Chuí, Barra do Quaraí, Santana do Livramento e Santa Vitoria do Palmar.

Dia de Jerusalém

Os confrontos entre palestinos e forças de segurança israelenses ocorreram no fim de semana e pioraram na segunda-feira em torno da mesquita de Al Aqsa. A mesquita está situada em uma esplanada conhecida pelos muçulmanos como Haram al Sharif, ou Nobre Santuário, e pelos judeus, como Monte do Templo. De acordo com a BBC, a força policial de Israel disse que milhares de palestinos montaram barricadas no local na noite de segunda-feira com pedras e coquetéis molotov em antecipação a um confronto durante uma marcha judaica planejada para marcar o Dia de Jerusalém.

Os conflitos começaram na véspera do Dia de Jerusalém, quando acontece a chamada Marcha da Bandeira, em que israelenses comemoram a captura da parte oriental de Jerusalém por Israel em 1967. Foi nessa ocasião, durante a Guerra dos Seis Dias, que Israel assumiu o controle efetivo de toda a cidade.