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A jornada até os EUA e o desafio da NASA

Reprodução FS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Equipe bageense com o rover Robotchê no segundo dia

Nos últimos sete meses, a conquista de quatro estudantes e um professor do curso Técnico em Mecânica da Escola Estadual Frei Plácido, de Bagé, mobilizou os leitores. Todos comemoraram o fato de que gaúchos da rede pública de ensino haviam admitido um projeto na NASA, e estavam se preparando para encarar um desafio superdiferente: criar um veículo movido à tração humana para atravessar a superfície simulada de Marte, da Lua e de outros corpos do sistema solar, e completar tarefas de missão ao longo desses caminhos. Isso em Huntsville, no Alabama.

Quando a participação dos jovens foi confirmada, em outubro de 2022, a expectativa era tão grande quanto a torcida. “Estou bem confiante e acho que vai dar tudo certo”, disse, naquela ocasião, a jovem Isabélli Marques. E isso mais do que se confirmou, no último sábado, dia 22 de abril, quando os jovens bageenses conquistaram a terceira colocação no NASA Human Exploration Rover Challenge, após dois dias de competição nos Estados Unidos.


A jornada e o desafio
O carisma de Isabélli e dos companheiros de equipe, Sofia Cuadros, Bernardo Freitas e Carlos Eduardo Munhoz, chamou a atenção de todos aqueles que acompanharam a jornada, que foi amplamente compartilhada por ela em um perfil no Instagram (@lugardeciencia). Os jovens, junto do professor Rodimar Acosta, lutaram muito para a equipe poder embarcar para os Estados Unidos. Até uma vaquinha virtual foi organizada. Porém, o próprio Estado garantiu a viagem da equipe - a única brasileira selecionada para participar da competição.

O carisma e o entrosamento dos envolvidos também foram destaques nos dias do desafio: quem acompanhou pela NASA TV vibrou ao ler, na telinha, "Escola Frei Plácido". A torcida bageense ficou ainda mais empolgada quando, ao fim do primeiro dia de competição, na sexta-feira, Isabélli anunciou que a equipe havia conquistado o quarto lugar na prova, que era uma corrida. Mas foi no sábado que os jovens estudantes bageenses, ao lado do Robotchê - o rover que levou cinco meses para ser construído, nas dependências da Escola Frei Plácido, e que teve seu nome escolhido em uma enquete nas redes sociais -, viveram o momento mais incrível de uma experiência tão única.


Um sonho realizado
A terceira colocação mundial foi comemorada por Isabélli, que garantiu à reportagem, logo após o anúncio: "Eu tô muito feliz. Um sonho que se tornou realidade! Nós somos a terceira melhor equipe do mundo inteiro!". Vale mencionar que foi Isabélli quem teve a ideia de participar do desafio e mobilizou os colegas, que abraçaram a ideia, se dedicaram, aprenderam e se divertiram durante todo o processo. Do desafio, participaram 61 equipes de 30 países. Ao podium, "subiram" apenas três e uma delas, a de Bagé, com as cores do Brasil e o nome de uma escola pública da rede estadual de ensino.


Diferencial
A escolha do rover mais eficiente na superação de obstáculos que simulavam os terrenos de Marte e da Lua levou em consideração vários requisitos. E dois favoreceram o veículo gaúcho (o Robotchê): peso e tempo do desafio. De acordo com a divulgação da Secretaria de Educação do Estado, por ser compacto, o Robotchê mostrou alto desempenho e eficiência. Para Isabélli, a reportagem questionou o que, na avaliação da equipe, fez a diferença no projeto, e em qual prova o Robochê se saiu melhor. "Foi a estratégia, saber lidar com os obstáculos", resumiu.

É importante lembrar que Isabélli conduziu o rover ao lado de Carlos Eduardo. Tecnicamente, os dois foram responsáveis pela tração humana que moveu o Robotchê. Para pedalarem, a preparação envolveu exercícios físicos e de concentração. "A gente se saiu bem nas duas (provas). Eram, no máximo, oito minutos de prova e a primeira nós fizemos em sete e 59 (segundos), pontuando 70. A segunda nós fizemos em seis (minutos) e 34 (segundos), pontuando 68", detalhou.

O Robotchê passou por um percurso de aproximadamente meia milha, que incluía um campo simulado de detritos de asteroides, pedregulhos, sulcos de erosão, fendas e um antigo leito de rio. Em entrevista a uma das equipes de reportagem da NASA, Isabélli destacou que os dias foram de muito aprendizado e falou um pouco do que achou da competição: “O Herc é mais desafiador do que pensávamos, assim como os obstáculos. Eu realmente gostei das superfícies da Lua e de Marte. Pensávamos que era como a Terra, mas não, disse.


O retorno
Muitos querem saber: afinal, o Robotchê voltará para Bagé ou ficará na NASA. Isabélli garantiu à reportagem que o rover volta sim para a Rainha da Fronteira. Ontem mesmo saiu dos Estados Unidos. Já a equipe começa seu retorno nesta terça-feira. Os alunos chegaram à cidade americana no dia 16 de abril, conheceram as dependências da NASA (se divertiram muito em uma lojinha com itens bem inusitados), trocaram experiências, e, amanhã, serão recepcionados, em Bagé, por outras escolas da 13ª Coordenadoria Regional de Educação, segundo confirmou o governo do Estado.

A reportagem perguntou para a estudantes como está a agenda da equipe, e Isabélli garantiu que já surgiram vários convites, mas que isso ainda está sendo organizado pela Coordenadoria de Educação. Aliás, a coordenadora, Miriele Rodrigues, destacou a importância de uma escola pública de qualidade e da participação dos alunos no desafio internacional: “Precisamos que o país invista na ciência e na educação. Esse bom resultado dos nossos alunos estimula outros a pensarem em ciência e a desenvolver projetos. Isso os ajuda a acreditar que é possível desbravar o mundo por meio da ciência e da educação”.

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