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Modelo

Sistema silvipastoril desenvolvido em Bagé é referência

Fernando Dias/Especial FS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Pecuaristas familiares participam desde 2012 de um projeto de silvicultura, com eucalipto, no campo nativo?

Unidades produtivas que têm apostado na integração de pecuária e floresta, com resultados positivos em termos de produção, estão sendo visitadas pela coordenação do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+, que está?em fase de reativação. A ideia é identificar no Estado propriedades que sirvam de modelo dentro do contexto da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) e que possam ter suas experiências replicadas nas diversas regiões produtivas do Rio Grande do Sul.

O engenheiro florestal do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Jackson Brilhante, que está na coordenação do Comitê Gestor, conheceu sistemas implantados em Bagé e em Vale Verde. Em ambos os casos, aderiu-se o sistema silvipastoril, que é uma opção tecnológica de consórcio de lavoura-pecuária-floresta (consiste na combinação intencional de árvores, pastagens e gado numa mesma área e ao mesmo tempo).

Brilhante explica que os sistemas silvipastoris têm proporcionado novas fontes de renda aos produtores, com a madeira, e conforto térmico para os animais, por conta da sombra gerada pelas árvores. Além disso, há uma série de outros benefícios como melhoria na qualidade do solo, na ciclagem de nutrientes, controle de erosão e aumento da matéria orgânica do solo. "A inclusão de árvores nos sistemas agropecuários, em especial as de rápido crescimento, como os eucaliptos, potencializam a remoção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, o que gera um saldo positivo de carbono e evidencia a capacidade desses sistemas para a mitigação de gases de efeito estufa", destaca o engenheiro florestal.

Campo nativo e a floresta

Em maio, Brilhante visitou uma unidade demonstrativa na Embrapa Pecuária Sul, em Bagé onde se colocou em prática o sistema silvipastoril com eucalipto. Este modelo é acompanhado pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Helio Tonini. Ele conta que, a partir de 2012, iniciou-se um projeto no município com 15 pecuaristas familiares, a fim de propiciar uma nova experiência aos produtores com a silvicultura no campo nativo. O trabalho contou com financiamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e foi acompanhado por um conjunto de instituições, entre elas, a Embrapa e a Emater/RS-Ascar.

Tonini conta que a intenção foi desenvolver um sistema que equilibrasse a criação de gado de corte, o campo nativo e o ciclo do eucalipto. Entre 2019 e 2021, em uma segunda fase do projeto, dados foram coletados sobre a integração destes componentes. Descobriram-se alguns benefícios. Um dos retornos positivos, segundo o pesquisador, foi a comercialização da madeira gerada pelo raleio (desbaste) das árvores, acrescentando uma fonte de renda aos produtores.

Outro resultado observou-se sobre a qualidade do alimento ofertado para o gado. "A silvicultura ajudou a forragem a permanecer mais verde tanto no inverno quanto no verão". Em função da melhoria nas condições do campo, Tonini diz que o sistema pode acarretar em aumento da produtividade dos animais, embora não tenha havido medição desse quesito nas propriedades integrantes do projeto.

Outra vantagem do modelo silvipastoril é a mitigação da emissão de carbono que se consegue a partir do tipo de solo, do espaçamento entre a linha de árvores, do material genético usado e do manejo adequado. "Isto significa que, com o uso do eucalipto, os pecuaristas familiares estão sequestrando carbono acima da taxa de lotação das áreas normalmente usadas no Pampa (em torno de 1 animal por hectare)", acrescenta.

O pesquisador da Embrapa Pecuária Sul orienta os produtores rurais interessados em adotar sistemas de integração de culturas a procurarem por capacitações e assistências técnicas. "É necessário fazer intervenções e adotar manejos adequados para evitar colocar todo o sistema em risco. A palavra é equilíbrio", recomendou.


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