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Policiais

Gaúchos e uruguaios alinham estratégias para combate ao crime

Wikimedia Commons/Especial FS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Crimes são comuns dos dois lados da fronteira

Um encontro entre policiais do Brasil e do Uruguai, em Rivera, serviu para tratar sobre abigeato, tráfico de pessoas e o avanço de facções criminosas nos dois países. Bagé esteve representada pelo delegado responsável pela Delegacia Especializada na Repressão de Crimes Rurais e Abigeato (Decrab), André de Matos Mendes, a escrivã Leticia San'Anna e o comissário Júlio Ramos.

O delegado relatou que, durante o encontro, houve uma conversa entre a Polícia Civil, Brigada Militar e os órgãos de segurança uruguaia com a participação da Polícia, Exército e também do Ministério Público do país vizinho. O objetivo foi uma troca de experiências de como é o funcionamento dos órgãos nos dois países.

O delegado citou como exemplo o abigeato que eventualmente acontece em um dos dois países e o desfecho se dá no outro - porque às vezes esses criminosos são de um dos lados da fronteira. "Por isso, nós temos essa dificuldade em realizar a investigação", disse.

De acordo com Mendes, o encontro foi para propor que os dois países consigam evoluir na questão legislativa porque hoje há lacunas que impedem que as policias possam concluir os serviços. Além disso, houve compartilhamento das formas de atuação e aproximação das entidades de combate ao abigeato, tanto brasileira quanto uruguaia. A finalidade é que os dois lados trabalhem nessa linha de uma forma integrada e impedindo o avanço da criminalidade.

Mendes disse que uma das questões levantadas foi não trabalhar o tema de forma seccionada - como tratar abigeato de uma forma, o crime organizado de outra, assim como tráfico de drogas. "Porque, na verdade, conseguimos verificar que esses delitos acabam sendo muitas vezes realizados pelas mesmas pessoas. Já tivemos casos de investigações de abigeato cometido por organizações criminosas, e por vezes vinculados ao tráfico de drogas", exemplificou.

Facções criminosas

O delegado falou que as facções cometem crimes patrimoniais para se capitalizarem e se fortalecerem e investir no tráfico. Segundo ele, são assuntos que caminham juntos.

Mendes apontou uma das diferenças que existe entre Brasil e Uruguai. Citou o caso das cidades gêmeas - Santana do Livramento e Rivera, que do lado Uruguai as polícias trabalham de forma integrada, mas na cidade brasileira não tem a Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que é especializada no combate aos crimes organizados. "Temos a Draco bastante atuante, dando combate e impedindo que as facções consigam se instalar na cidade", exemplificou.

Conforme o delegado, a atuação das Dracos ajuda a impedir que as facções consigam se enraizar e se organizar cada vez mais e a assim a Polícia pode agir em outras ações como abigeato e crimes patrimoniais.

Além disso, lembrou que Bagé tem uma realidade bem diferente em relação a crimes patrimoniais graves, como roubo, latrocínio (roubo seguido de morte). Comentou que as facções são uma realidade no Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. E que tem facções brasileiras atuando nesses países.

Trabalho conjunto

André Matos Mendes contou que a Decrab já realizou alguns trabalhos em conjunto com a polícia uruguaia. Essa ação se deu no furto de gado no Uruguai e recuperado no Brasil. "Teve atuação entre as duas polícias, onde conseguimos responsabilizar os receptadores no lado brasileiro e eles os abigiatários no lado uruguaio".

Ele lembrou que o Rio Grande do Sul é maior em território do que o Uruguai, mas o país vizinho tem uma força policial superior ao Brasil. Mencionou que no Estado entre Polícia Civil e Brigada Militar tem 23 mil agentes, enquanto no Uruguai são 30 mil .

O delegado comentou que, no Uruguai, tem um departamento específico para atuar no crime de abigeato porque eles olham para o mercado internacional, onde tentam deixar bem claro que a carne produzida no país recebe todo um cuidado e isso permite que o mercado internacional tenha bons olhos para o produto. "Eles têm um rebanho superior ao nosso e a média dos últimos anos, em ocorrência, não ultrapassam duas mil e quinhentas, e o Rio Grande do Sul no ano passado registrou mais de cinco mil ocorrências. Temos muito que evoluir, mas precisamos de meios de trabalho e estrutura", falou.


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