O bageense Marcos Diego Brignol Vaz, 35 anos, conhecido como MD, é um dos 13 criminosos que foram transferidos do Rio Grande do Sul para presídios federais. Esses detentos exercem liderança nas principais organizações criminosas que circulam no Estado. O bageense é apontado pela Polícia Civil como um dos lideres da facção Os Tauras, que tem envolvimento com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, associação ao tráfico e homicídios na Rainha da Fronteira.

Brignol Vaz estava preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e seria julgado ontem em Bagé juntamente com os réus Élber Veiga Duarte e Mateus Rodrigues Martins, mas o júri acabou sendo adiado. No dia 14 de abril deste ano, o criminoso foi julgado em Bagé pela morte de Jhonatan da Rosa Gomes, 23 anos. Ele foi condenado a 20 anos de prisão por ser o mandante do crime.

Os 13 criminosos transferidos são vinculados a quatro facções. De acordo com informações da imprensa estadual, três delas estão envolvidas em conflitos recentes em Porto Alegre e Região Metropolititana. Segundo ZH online, ao longo do mês de agosto, a capital gaúcha enfrentou um salto nos homicídios, com o dobro de casos no comparativo com o mesmo período do ano passado. Foram 26 assassinatos em agosto, sendo a maioria vinculada ao tráfico de drogas. Sabe-se que boa parte das ordens para essas execuções ainda parte de dentro das cadeias.

Operação de guerra

Na manhã de ontem, sob coordenação do programa RS Seguro, a operação Império da Lei IV foi deflagrada pela Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS) e pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Com a participação de cerca de 300 agentes e o emprego de 30 viaturas e uma aeronave, a operação também contou com a atuação de 12 instituições estaduais e federais. Pelo Rio Grande do Sul, além da SJSPS e da SSP, atuaram a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Brigada Militar (BM), Polícia Civil (PC), Instituto-Geral de Perícias (IGP), Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS), Ministério Público e Poder Judiciário. Pela União, além do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), somaram-se os esforços da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A empresa Fraport também colaborou com a logística de deslocamento da aeronave.

A ação começou na madrugada de quinta-feira, por volta das 4h, quando os detentos, que estavam na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC), passaram por uma revista e realizaram teste de covid-19, sendo que todos negativaram.

Por volta das 6h, as viaturas da Divisão de Segurança e Escolta (DSE) e do Grupo de Ações Especiais da Susepe (Gaes), do Comando de Policiamento de Choque (CP Chq) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da BM, da PRF, da Polícia Civil e do Grupo de Pronta Intervenção da PF partiram da Pasc e da PMEC, que ficam no mesmo complexo em Charqueadas.

Em um comboio único, os 30 veículos percorreram o trajeto de 55 quilômetros até o Batalhão de Aviação da BM (BAv-BM), ao lado do aeroporto Salgado Filho, onde realizaram exames de corpo de delito pelo IGP para serem entregues aos agentes do Depen e embarcarem no avião da PF. Para eventuais emergências durante a ação, o CBMRS posicionou uma viatura de combate a incêndio na origem do trajeto, além da ambulância de resgate com o comboio, para possibilitar o socorro imediato na hipótese de acidentes.

A ação é uma resposta ao crime organizado no Estado. É a primeira operação que os agentes penitenciários utilizaram câmeras corporais, entregues pelo governo do Estado à Susepe no final de agosto. Os equipamentos possibilitam o armazenamento de imagens e dados em servidores remotos, com transmissão de vídeo ao vivo para uma central de monitoramento e localização via GPS.