O bageense Guilherme Fagundes Nunes, 36 anos, formado em Direito pela Urcamp, tomou posse como delegado titular na cidade de Dom Pedrito. Ele fez um relato para a reportagem sobre os primeiros seis meses em que está na função de delegado e como é chefiar a Polícia Civil de uma cidade que vem sendo notícia por causa da violência, mas que é conhecida como a Capital da Paz.

O delegado comenta que foi um desafio muito grande, pois no seu primeiro dia à frente da delegacia foi deflagrada a Operação Sicário, que reuniu mais de 400 policiais, 150 viaturas e um helicóptero. A ação contou com a presença da chefe de Polícia Civil no Estado, a delegada Nadine Anflor. "Logo no meu primeiro dia já participei de uma operação dessa magnitude, sendo considerada uma das maiores do Estado em 2020", lembra.

Nunes conta que por ser natural de Bagé já conhecia alguns delegados e agentes da região e, desde que assumiu o cargo, tem bastante contatos, inclusive auxilia os colegas em ações policiais. "Claro que tenho o apoio total do delegado regional (Luís Eduardo Benites)", ressalta.

Ao ser questionado sobre alguns crimes que acontecem com certa frequência em Dom Pedrito, o delegado responde que o crime é um fenômeno mundial, nacional e local, e em Dom Pedrito não poderia ser diferente.

Ao fazer uma avaliação do trabalho em conjunto com a Brigada Militar, o bageense comenta que tem observado uma redução nos crimes violentos, como homicídios, latrocínios e roubos. No entanto, segundo ele, os crimes envolvendo violência doméstica e familiar continuam elevados, não só em Dom Pedrito, mas em outros lugares. Ele atribui essa realidade à questão do isolamento social em decorrência da pandemia.

No que diz respeito ao deficit de policiais, ele pontua que é algo que ocorre em todo o Estado, e que Dom Pedrito comportaria um número maior de policiais. Porém, lembra que com a formatura de novos agentes, o município foi contemplado com cinco policiais, o que incrementou o efetivo, embora ainda seja necessário um aumento, o que pode vir a ocorrer com a formação de uma nova turma que está por começar.

Tráfico

O delegado comenta que infelizmente o tráfico de entorpecentes ainda ocorre de forma incrementada na Capital da Paz, e que o comércio de drogas, embora por si só não seja um crime com violência ou grave ameaça à pessoa, é fomentador de diversos crimes como roubos, latrocínios, homicídios e até mesmo furtos. Nunes diz que a pessoa que consome drogas fomenta este mercado, e quando não possui condições de pagar pelas drogas acaba tornando-se um "empregado" do tráfico e praticando alguns delitos para pagar as dívidas e, segundo ele, às vezes, acaba pagando com a própria vida.