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Comportamento

Ressocialização pós distanciamento social é novo desafio

Márcia Sousa imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

Quando o distanciamento social se tornou uma questão de sobrevivência, diante do avanço do coronavírus, houve muita apreensão e angústia. Afinal, enfrentar tal período turbulento, que os especialistas logo no início já afirmaram que seria longo, distante de familiares e amigos, seria ainda mais desafiador. Muitas pessoas seguiram a risca as orientações da Saúde e evitaram o contato ao máximo: deixaram de abraçar seus irmãos, de conviver com seus idosos. Agora, com o avanço da vacinação e a redução no número de casos confirmados e mortes decorrentes da covid-19, estas mesmas pessoas começam a enxergar que podem, mantendo os cuidados, voltar à socializar. Mas não se trata de um processo fácil para uma boa parcela: é o que explica o psicólogo Marcelo Motta. 

"Em março de 2020, não imaginávamos o que estaria por vir. Não conseguíamos ter a noção do tempo que ficaríamos reclusos do mundo e um dos outros. Tivemos que nos afastar dos amigos e de familiares, deixamos de fazer coisas até então normais de se fazer, como ir para a academia, barzinhos, festas ou de interagir com nossos amigos", lembra. "Hoje, quase um ano e 10 meses depois, graças a vacina e ao trabalho incansável dos profissionais da Saúde, estamos voltando, aos poucos, ao processo de ressocialização. Voltando aos poucos ao novo mundo", acrescenta. 

É, então, que o profissional ressalva que, antes de mais nada, esse processo só será possível se a pessoa aprender a respeitar seus limites. "Não é porque meus amigos estão voltando a ir para festas e andando por aí sem máscaras (lembrando que a OMS nos fala que o uso de máscaras segue imprescindível) que eu preciso ou devo fazer igual", argumenta. 

O psicólogo sustenta que é preciso entender e respeitar que cada um tem o seu tempo e que isso é pessoal e intransferível. "Já é comum ver no consultório várias pessoas apresentando crises de ansiedade devido a essa 'volta', por se sentirem pressionados a voltar a interagir e a fazer parte desse novo normal", relata.

Para ele, é preciso entender, antes de mais nada, que uma boa parcela da população ficou muito tempo em casa, em um verdade casulo, e que esse processo de volta precisa ser lento e gradual. "Não é por que várias pessoas estão voltando a interagir que eu preciso me forçar a interagir como elas. Também é bom lembrar que quem já está interagindo e voltando a rotina precisa respeitar quem ainda não está preparado", enfatiza.

Para ele, tal qual o uso de máscaras, que visa garantir a própria saúde e a do outro, esse processo também deve ter o respeito como norte. "Precisamos ser mais gentis e empáticos com o processo do outro. Não sabemos o que o outro passou durante a pandemia e como ele está lidando com tudo isso e, às vezes, acabamos pressionando nossos amigos e familiares a fazer algo que, para nós, é tranquilo", destaca. Em síntese, essa volta, para quem está sentindo dificuldade, precisa ser lenta e pode começar de maneira experimental.

Ele dá algumas dicas de como enfrentar essa nova fase. "Por exemplo, posso começar a ir a praças ou lugares abertos usando máscara para começar a ter contato com outras pessoas; posso também voltar a ver amigos e familiares mais próximos e ficar atento ao nível de ansiedade que essas situações me provocam", elenca. "Estar consciente do que sinto em lugares com muitas pessoas é importante para saber como estou lidando com esse processo de ressocialização", elucida. 

Motta também fala sobre alguns sintomas, comuns a um quadro de ansiedade, que precisam ser observados. "Se os sintomas de ansiedade - taquicardia, suor nas mãos, dor no peito, irritabilidade, náuseas, boca seca, tontura, calor repentino, entre outros - se fizerem presentes em várias situações, e por tempo considerável, é preciso procurar ajuda especializada", sustenta.

"Os números de fobia social aumentaram muito nessa retomada de interação social", justifica, ao alertar que é preciso estar atento aos sinais de que a interação, por menor que seja, esteja fazendo mal e causando sofrimento. "Não se maltrate para agradar ninguém, mas atente caso perceba que é recorrente esse sentimento", sugere. "Precisamos, sem dúvida, voltar a viver, mas precisamos entender que cada um tem seu processo e que não precisa ser de uma hora pra outra", finaliza, ao lembrar que a pandemia ainda não acabou e que alguns protocolos ainda precisam ser respeitados para a saúde de todos.

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