As pedras, em vários pontos da cidade, excederam 10 centímetros de diâmetro, segundo a MetSul Meteorologia, que também destacou que uma análise preliminar da Defesa Civil apontou que mais de oito mil casas e prédios tiveram danos decorrentes do temporal.

"Granizo é um fenômeno extremamente comum no Rio Grande do Sul e não raro pedras de maior diâmetro são observadas durante tempestades severas que assolam o Estado, mas o evento da madrugada deste sábado foge ao convencional pelo grande tamanho das pedras e seu enorme impacto numa área urbana", contextualizou a MetSul.

Ainda de acordo com a MetSul, a última vez que uma tempestade severa de granizo causou danos nessa proporção foi há oito anos, em outubro, na cidade de Canoa. Tal qual neste 2023, naquele mês o clima era influenciado pelo fenômeno El Niño com forte intensidade. "A Prefeitura de Bagé afirma que foi o maior temporal de granizo da história da cidade. Foi um evento extraordinário de granizo para a histórica local, embora nada inédito em termos de climatologia histórica gaúcha", ressaltou o boletim.

Vale destacar que a situação incomum é decorrente de um quadro meteorológico igualmente raro. "Neste momento, no interior da América do Sul, há um enorme bolsão de ar quente de intensidade excepcional e que traz temperaturas extremas. O calor horas antes do granizo destrutivo em Bagé atingiu 42,5ºC no Norte da Argentina, 44,5ºC no Paraguai e 42ºC no Centro-Oeste do Brasil, na tarde de sexta-feira", detalhou.

"A atmosfera em Bagé no momento da tempestade estava mais quente do que o habitual com temperatura em 850 hPa (nível de 1.500 metros). Uma corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera trazia vento de Norte com ar quente, o que forneceu energia para a formação de nuvens de tempestade na madrugada deste sábado na fronteira com o Uruguai e áreas próximas", completou.