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Patrimônio

Lideranças e comunidade divergem sobre extinção do Compreb e tombamento

Thaís Nunes imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Projetos pretendem mudar diretrizes no município

Nesta sexta-feira, na Câmara de Vereadores de Bagé, entrou na pauta das sessões extraordinárias os projetos que tratam sobre a mudança no sistema de tombamento na cidade e a extinção do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Município de Bagé (Compreb). Os projetos acabaram em vistas com o vereador Caio Ferreira, mas levantaram o debate entre os munícipes. O jornal Folha do Sul ouviu lideranças e também a comunidade sobre o assunto.

Líder do governo na Câmara de Vereadores, o vereador Rodrigo Ferraz defendeu a aprovação dos dois projetos pelo Legislativo. "Sou a favor da aprovação do projeto que extingue o Compreb e cria um nosso conselho de caráter consultivo e não deliberativo como temos hoje", sustentou Ferraz.

Na opinião do vereador, a cidade estaria engessada por causa do tombamento. "Bagé precisa ser desengessada e ter possibilidade de caminhar rumo ao progresso e ao desenvolvimento.

Hoje, não podemos sequer asfaltar a avenida General Osório, por conta desse tombamento demasiado que a gestão passada aqui realizou", argumentou.

Para ele, o sistema de tombamento na Rainha da Fronteira deveria ser diferente. "No meu entendimento, os tombamentos devem atender critérios individualizados, caso a caso, respeitando obviamente aquilo que de fato é histórico é relevante em nossa memória cultural", defendeu.

Contraponto

A reportagem também ouviu Jussara Carpes, que já presidiu o Conselho e segue atuante na defesa do patrimônio. Ela classificou que existem dois pontos estratégicos envolvendo a questão. O primeiro é que com o fim do caráter deliberativo do Compreb - a proposta prevê a criação de um novo conselho, apenas com caráter consultivo - todos os projetos de alterações na área tombada da cidade precisarão serem enviados para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul (Iphae). "Como Bagé tem um tombamento estadual pelo Instituto de Patrimônio do Estado, todas as intervenções que deverão surgir no centro histórico de Bagé não mais serão apreciadas pelo Compreb, que tem hoje uma portaria que delibera para que este colegiado possa dar o seu parecer e os desdobramentos necessários para que depois seja feita a efetivação do projeto", explicou.

Com isso, a preocupação é que os projetos sejam apreciados por pessoas que desconhecem a realidade do município. "Eu costumo dizer que é o índio quem conhece a aldeia. E nós lutamos por muitos anos para que o Compreb pudesse dar o parecer e que não mais fosse instituído pelo governo do Estado", falou Jussara. Ela ainda completou. "Eles (Iphae) são técnicos qualificadíssimos, mas que não conhecem o cotidiano, a história, não têm a memória, não têm no seu dia a dia o elemento que permeia a cidade de Bagé", relatou.

Além disso, Jussara também apontou a necessidade de rever outras legislações vigentes na cidade que estariam retardando o desenvolvimento. "Quanto a questão do desenvolvimento, é uma grande falácia atribuir ao Conselho do Patrimônio como sendo o obstrutor do desenvolvimento. Na verdade, tem muitas outras legislações que precisam serem revisadas, como o Plano Diretor e o Código de Obras. Esse conjunto de legislações pode estar obstaculizando sim o desenvolvimento de Bagé", apontou.

Ela ainda mencionou que 90% dos projetos enviados ao Compreb são aprovados e aqueles que não passam pelo crivo do Conselho voltam com observações e adequações para que possam serem aprovados futuramente.

População dividida

No Facebook, o jornal Folha do Sul perguntou aos leitores qual a opinião deles sobre ambos os projetos. E as respostas foram as mais variadas, tanto contra quanto a favor.

Alguns se mostraram a favor da extinção do Conselho e mudanças no tombamento. "Graças a Deus vai acabar essa barbaridade que atrasa o progresso de uma cidade", disse uma leitora. "Viva o progresso", escreveu outra.

Entre os que se mostraram contra as propostas, os leitores destacaram o temor de que Bagé vire uma cidade sem memória. "Um absurdo!! Só para prevalecer o interesse imobiliário. Bagé vai se tornar uma cidade sem memória, sem identidade" lamentou uma internauta. "Um absurdo! A história e patrimônio de nosso município sem o devido cuidado e zelo. Uma cidade sem memória é uma cidade sem identidade. Vejam que nosso turismo também está sustentado nesses belos prédios e paralelepípedos, como em países que preservam sua cultura", lembrou outra.


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