Violência
Coordenadora afirma: medo é real nas mulheres do campo
Reprodução/Internet imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Maioria das vítimas prefere calar a denunciar
Em razão das singularidades e isolamento, as vítimas de violência doméstica, por morarem na zona rural, sentem a sensação de abandono. E na região de Bagé não é diferente. Na edição do final de semana passado, o Folha do Sul publicou reportagem exclusiva sobre a dura realidade que enfrentam as mulheres vítimas de maus-tratos por parte dos maridos e até dos filhos. O assunto veio à tona em uma entrevista com a coordenadora regional das Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e presidente da Associação de Moradores dos Olhos D'água, Luciane Lacerda Vignol. Ela fez um relato sobre os casos. Luciane enfatizou que as vítimas se sentem abandonadas. E revelou que ela foi uma dessas vítimas.
A reportagem conversou com a titular da Coordenadoria da Mulher e Diversidade em Bagé, Cândida Navarro. Ela assegurou que, seguidamente, a coordenadoria realiza atividades na zona rural. "Temos parcerias com várias entidades. Nós atendemos mulheres de todas as localidades, inclusive de assentamentos", informou.
Cândida disse que cabe ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, sendo conhecedor desses fatos, denunciar. Ela afirmou que não foi procurada por Luciane para qualquer tipo de ajuda à mulher em situação de violência doméstica na zona rural.
A coordenadora argumentou que a mulher da zona rural sofre a violência doméstica e só fica calada porque é uma pessoa que vive em uma situação de isolamento social - distante da cidade. Além disso, observou que, em geral, o celular que tem na casa é o mesmo do marido agressor. Também mencionou a dificuldade de acesso à internet. Dentro desse contexto, Cândida salientou que essas mulheres têm muito mais medo de denunciar, porque terão que sair da própria casa.
Cândida citou outro agravante: que a maioria dos agressores não sai da casa e que quando isso corre eles ficam dentro do próprio campo. Para piorar o quadro, lembrou que muitos filhos repetem o comportamento agressivo do pai. " É verdade sim que existe esse comportamento machista por parte do marido, dos filhos, dos sobrinhos e, às vezes, até de netos", pontuou.
De acordo com a coordenadora, atividades são realizadas, por exemplo, em localidades como a Lixiguana, Rincão do Inferno, Serrilhada, Quilombolas e assentamentos. Segundo ela, é feita divulgação o máximo possível sobre esses atendimentos.
Cândida contou que, recentemente, participou de um evento do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, onde havia aproximadamente 200 mulheres e um dos temas do encontro foi sobre violência doméstica. "Deixamos nosso telefone para contato e muitos dos nossos atendimentos são de assentamentos distantes, que, às vezes, não são nem na área de Bagé e, mesmo assim, realizamos o atendimento", reforçou.
A representante do governo municipal falou que a violência doméstica no campo existe, mas é preciso que a vítima denuncie, porém lembrou que o medo dessas mulheres é real.
Denuncie
A Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 presta uma escuta e acolhida às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.
O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.
A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher.
O Ligue 180 atende todo o território nacional e também pode ser acessado em outros países.
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