História
Jovem que passou fome retorna a Bagé para lançar livro
Divulgação FS imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Título da obra é uma homenagem a vó, mãe e a uma tia
A jovem de 21 anos que foi embora de Bagé para morar em Porto Alegre, nos anos 80; a menina que trabalhava como doméstica, mas que já tinha no DNA a vocação para a poesia, a música e a escrita. Por ser tímida, deixou esses talentos de lado por um bom tempo. Foi do pai, Estanislau Farias, que herdou o talento artístico. Hoje, aos 63 anos, é a escritora Fátima Regina Gomes Farias, que retorna para a terra natal para lançar seu terceiro livro, “Santas de Casa”. Isso no dia 8 de setembro, na Leb Livraria e Cafeteria.
Por telefone, de Porto Alegre, a bageense conversou com a reportagem e revelou que se sente emocionada em retornar para lançar um livro que conta sua infância e adolescência em Bagé. São lembranças revividas e contadas em poemas. Fátima explica o motivo do título “Santas de Casa”. O nome é uma homenagem a vó, a mãe e a uma tia. As três figuras maternas amenizavam a fome dos seis irmãos.
Fátima confidencia que, muitas vezes, ela e os irmãos iam deitar com fome e, no outro dia, ao levantarem, se surpreendiam porque havia algo para comer na mesa. “Para nós, crianças, isso era um milagre”, reflete. As três mulheres eram as responsáveis por esse “milagre”, ao colocarem uma canjica ou uma fatia de pão para as crianças comerem. “Elas usavam o afeto como remédio”, recorda. A família morava no bairro Castro Alves.
Trajetória
Profissional no campo da gastronomia, Fátima, que já trabalhava como doméstica em Bagé, seguiu esse ofício em Porto Alegre. Mas não abandonou a paixão pela poesia, a escrita e a música. Quando saiu de Bagé, achou que esses dons tinham morrido. Mas foi com o surgimento da internet que a vida deu uma guinada para a literatura. Ela conta que começou a publicar pequenos poemas no Facebook, e que a partir daí começou a ganhar dimensão maior.
Lutadora contra desigualdades sociais e o racismo, além ativista pela causa da mulher, Fátima começou a participar do Sopapo Poético – sarau de poesia negra que acontece desde 2012. Por ser muito tímida, no início tinha vergonha de recitar seus poemas. Ela relata que se admirava de ver os outros lerem os seus poemas - ela, por sua vez, não tinha coragem. Foi bem mais tarde que criou coragem e nunca mais parou.
Deixe seu comentário