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Briane Machado

Palavras de urgência

Para você, o que é mais urgente no momento atual?

Se me permites dar uma opinião, não há nada mais urgente do que a fome.

A fome é imperativa, não permite deixar para depois, é agora, para ontem, já.

Quando nos questionamos sobre a urgência, buscamos em nós mesmos as respostas, uma vez que temos visões de mundo distintas, obviamente, iremos atrás das nossas urgências pessoais para ressaltar o que é necessário, trazendo à tona a noção micro do que vem se apresentando dia após dia.

Entretanto, quando expandimos os horizontes e observamos a macro problemática, temos jogadas em nosso colo as diversas necessidades que a maioria da população mundial vem enfrentando.

Os problemas de antes passaram a ser coadjuvantes em tempos tão difíceis. Estamos ilhados em uma profunda questão social, em que não conseguimos resolver somente com a esperança que dias melhores virão.

Não sei quanto a você, mas é dilacerante assistir jornais todo dia e ver que a situação se agrava. Não há psicológico que não se abale com geladeiras e armários vazios.

De um tempo para cá, passamos a dar atenção à vacina, aguardando que as doses sejam distribuídas para toda a população, que a vida volte ao normal, que tenhamos a rotina que tínhamos até março de 2020.

Porém, a adequação do "novo normal" precisa ser reformulada. Enquanto nos preocupamos em ter nossas vidas de volta, a liberdade - utópica - de abandonar as máscaras na gaveta como uma recordação de superação, famílias inteiras foram atingidas pelo desemprego e vivem situações extremas de dor, sofrimento e fome.

Uma das piores coisas da vida é não ter meios para comprar alimentos, chegar na hora do almoço e não ter o que servir. Para isso, não tem espera.

A vida do brasileiro, principalmente, se resume em esperar: pela vacina, por leitos, por emprego, por renda mensal, por dias melhores.

Vivemos um dia de cada vez. E, majoritariamente, caminhamos em passos de formiga. Estamos exaustos.

A impotência, talvez, seja um dos piores sentimentos diante de tanto sofrimento. Não conseguir resolver o problema - ou parte dele - afeta tanto quanto não poder ter a rotina de volta.

Há alguns anos, uma campanha era transmitida em canais de televisão, com o "slogan": Quem tem fome, tem pressa.

Esse comercial nunca deixou de ser atual e necessário, ou seja, até quando continuaremos errando?

"Quando você tiver mais do que você precisa construa uma mesa maior não um muro mais alto.".

O direito à alimentação não deve ser visto como um privilégio, mas como a necessidade primordial para validar a dignidade.

Viver é urgente; ter moradia é urgente; ter saúde é urgente; mas o que pode ser mais urgente do que ter comida na mesa?

Quando um ser vivo morre de fome, significa que falhamos como seres humanos.

Talvez, depois destas palavras, a concepção de urgência tenha mudado ou, ainda, tenha sido suprimida por questões que abrangem o direito de todos.

É urgente!

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