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O ACORDO GOVERNO E O CONGRESSO X POLÍTICA

Na coluna de sábado abordei a negociação que chegou ao fim, sobre a aprovação de um meio termo entre governo e Congresso, mudando alguma coisa do orçamento aprovado. Foi apenas um "tapa-buracos" para evitar conflito maior. Não foi o ideal e, como se sabe pela prática, nunca será. É um "tal" de puxa pra cá e puxa pra lá que se torna colcha de retalhos. Pois bem, quando o Congresso aprovou o orçamento, ele puxou o que pode para presentear os legisladores com um aumento expressivo nas emendas parlamentares. Puxaram brasa para seu assado. Além do mais, o gasto com a saúde dos componentes das casas legislativas foi um "verdadeiro assalto" contra os demais setores que esperavam que seus orçamentos regimentais não fossem mexidos. Pois foi exatamente isso que aconteceu. Quando a coberta é curta a gente tapa os pés e destapa a cabeça. Ou vice-versa. Isso provocou uma série de reclamações e provocações politiqueiras entre os contrários e favoráveis ao orçamento aprovado. Sentindo o "perigo", o governo deixou entender que não aprovaria na integralidade o que foi decidido pelo Congresso. Começou uma campanha nas redes sociais, refletida em alguns órgãos da imprensa brasileira, dando a entender que Bolsonaro "estaria preparando o caminho para golpe ditatorial". Ora bolas, quem acompanha este e outros espaços midiáticos sabe minha opinião: a democracia brasileira está andando. Instituições fortes não permitem retorno a 64. A imprensa é livre mas tem o direito de tomar partido quando se trata de política. Pois bem, um dos comandantes das "forças armadas" veio a público para dizer solenemente, sem deixar margem para dúvidas: "Nossa tarefa é defender a Constituição. Para tal, sempre estamos preparados porque temos um forte planejamento. Mas é em defesa da Constituição". Mas o recado final foi o que ajudou governo e Congresso a se reunirem e chegaram a um consenso. O que afirmou o general: "As instituições têm que se entenderem. Temos que vencer a crise. Porque se não chegarem a um comum acordo, nós temos a solução". As "viúvas" da ditadura adentraram ao gramado, alegres e satisfeitas. Mas o outro lado também reagiu. É claro que governo e Congresso jamais dirão que o acordo firmado teria sido provocado pela declaração de membro das forças armadas. Mas foi. Aquilo que parecia difícil aconteceu em menos de 72 horas. Que acerto é esse que não cortou parte das emendas parlamentares? Elas foram criadas com um objetivo, dar mais dinheiro aos parlamentares para aplicarem em suas cidades, cujo proveito eles tirariam das urnas no próximo ano. Pois bem, agora depende, e já está combinado, que o governo sancionará o acordo firmado, (já deve ter sancionado) sem mexer nas benesses do Congresso, mas terá liberdade para ultrapassar o teto de gastos, bandeira da área econômica. A matéria foi publicada pela imprensa. Leia:

GUEDES VEIO A PÚBLICO E DEFENDEU O ACORDO

Após o acordo fechado com o comando da Câmara e do Senado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, considera que o Orçamento de 2021 ficará "exequível". Antes ele havia protestado porque da maneira como foi aprovado tornaria o governo refém e sujeito a um processo de cassação. Lembro do que aconteceu com Dilma Rousseff, caçada por "crime de responsabilidade por pedaladas fiscais". O orçamento aprovado preparava o caminho para que o governo entrasse nas pedaladas fiscais. E isso é fácil de entender. O orçamento tinha por objetivo não deixar o governo mudar nada, sem autorização do Congresso. Seria a versão brasileira da Rainha da Inglaterra. Agora ficou livre para administrar os recursos, sem pedir autorização para o Congresso. Se isso é bom ou não, eu não sei. Porém, e sempre tem um porém, com a liberdade recebida, ele prometeu cumprir as emendas extraordinariamente inflacionadas dos parlamentares brasileiros. Então tanto faz "dar na cabeça como no meio dos olhos" (Frase do Jorge Walmor), o resultado é o mesmo. Os deputados e senadores terão dinheiro a mais para aplicar em seus redutos eleitorais e Bolsonaro ficara livre para tomar decisões sem receio de ser julgado por pedaladas. Ora bolas, eles ficaram felizes. E nós, pagadores de impostos? Isso é um pequeno detalhe. Vamos ser lembrados em 2022. E aí entra o velho ditado: "O brasileiro tem memória curta". Concordam? 

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