Luto
A cultura e a política bageense se despedem de Sapiran Brito

Bagé perde Sapiran Brito - Bagé perde Sapiran Brito
por Luciano Madeira
Bagé se despede de uma de suas figuras mais conhecidas na cultura e na política. Faleceu na madrugada desta terça-feira (1º), aos 80 anos, Sapiran Coutinho de Brito. Ator, carnavalesco, ex-vice-prefeito e ex-secretário de Cultura, Sapiran marcou gerações com sua paixão pelas artes, pela cidade e pelo samba.
Sapiran nasceu no dia 4 de outubro de 1944, em Bagé, foi criado no bairro Alcides Almeida, ainda que afirmasse que era do Lagoão da Pedra. Junto com a família, se mudou para a rua Juvêncio Lemos, na frente do Centro Antoniano. Há muitos anos, porém, vivia na casa da esquina entre a General Neto e a Juvêncio Lemos, onde por vezes era visto de conversa com algum dos muitos amigos.
Ainda na adolescência, Sapiran conheceu o que, segundo ele, era uma das suas maiores paixões: o samba, e sempre que podia fugia de casa para acompanhar os blocos de carnaval. Essa paixão, aliás, herdada: Zeca Brito, atual secretário de Cultura, também é um apaixonado pelo carnaval.
Aliás, Sapiran foi carnavalesco por alguns anos da escola de samba Aliança, onde ele mesmo dizia que, em 2004, fez o melhor carnaval da sua vida, quando homenageou o bageense e ex-governador do Estado Alceu Collares com o enredo Xangô do Rio Grande.
Quando novo, Sapiran foi professor; lecionou em Hulha Negra, na localidade conhecida como Serra da Hulha, mas a sua paixão pela leitura e pelas artes o fez desistir da carreira do Magistério. Também foi chefe do grupo de escoteiros de Bagé.
Mas foi mesmo nas artes que ficou reconhecido, não só em Bagé como no Estado do Rio Grande do Sul, inclusive como presidente do Sindicato dos Artistas. Era em cima do palco, em peças de teatro, que ele se realizava: atuou como ator, diretor e figurinista. Também foi ator de cinema: na década de 60, contracenou em filmes com o cantor Teixeirinha e fez parte do elenco do filme O Tempo e o Vento, além de ter participado de vários curtas-metragens. Inclusive foi dirigido pelo seu filho cineasta. Destaque ainda para o Legalidade, onde Sapiran interpretou Leonel Brizola.
Homem de apenas um partido
Na política, Sapiran Brito foi homem de apenas um partido, o Partido Democrático Trabalhista: foi presidente do diretório municipal e também integrou o diretório estadual.
Em 1985, na primeira gestão do prefeito Luiz Alberto Corrêa Vargas, Sapiran foi diretor de Cultura, ocasião em que foi criada a Casa de Cultura Pedro Wayne. Já em 1992, foi candidato a vice-prefeito na chapa com Vargas: foram eleitos e governaram o município de 1993 a 1996.
Ele foi o responsável pela criação da Secretaria de Cultura no município e também pela criação do Arquivo Público Municipal. Brito também concorreu a deputado estadual. Em 2011, foi convidado pelo então prefeito Luiz Eduardo “Dudu” Colombo, do PT, para ser secretário de Cultura, e naquele ano foi responsável pelos festejos dos 200 anos de Bagé.
Em 2016, foi candidato a prefeito pelo PDT e, no ano passado, festejou os 80 anos, dois anos antes da eleição onde concorreu a vereador.
Ao lado da esposa, Marilu Teixeira, trabalhou muito pela Associação Pró-Santa Thereza, e foi o grande responsável pelos bailes de carnaval, onde ele fazia os tradicionais pastéis de Santa Thereza.
No Teatro Santo Antônio, também em Santa Thereza, realizou dois espetáculos musicais ao lado de músicos como Mário Alvarenga, Maguil, Armando Carreta, Marquinhos Silva e as pastoras, formadas por Alice Simões Pires, Cláudia Ruchica e Marilu Teixeira. Fez homenagens ao centenário de Ataulfo Alves com o show Ataulfando e a Adoniran Barbosa com o espetáculo Adonirando.
Uma das suas paixões também era o rádio: apresentou programas de entrevistas nas rádios Clube e na extinta Cultura. Nos seus programas, ele dizia: “Aqui falamos da rapadurinha até a bomba atômica”, e entrevistou, inclusive, adversários políticos, como o ex-prefeito Carlos Sá Azambuja.
Sapiran, atualmente, era visto sempre sentado na garagem da sua casa, onde, pegando sol e sempre com a porta aberta, era atencioso com todos que ali chegavam, até mesmo os andarilhos, que diziam: “Sapiran, tem um cigarrinho?”, e ele dava risada e dizia: “Olha que vai te fazer mal”.
Sapiran era casado com Maria Luísa Teixeira da Luz e deixa o filho Zeca Brito. Seu corpo foi velado nas capelas Padre Germano, sala Santa Rita de Cássia, e seu sepultamento acontece nesta quarta-feira, 2 de julho, às 9h, no Cemitério da Santa Casa de Caridade.
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