A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) irá levar à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do RS uma dura situação que os docentes do Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp) têm enfrentado: o constante parcelamento dos vencimentos e atraso do 13º salário. 

Foi após uma reunião com o professor Evandro Rosso, representante do Sindicato dos Professores (Sinpro-RS) na região, que a deputada tomou ciência do assunto. 

Segundo exposto por Rosso, o cenário de parcelamentos e atrasos de 13º salário perdura há anos, afetando diretamente a qualidade de vida dos professores da Urcamp - que tem caráter comunitário e filantrópico. 

"A comunidade acadêmica da Urcamp merece respeito, e isso começa pelo pagamento em dia e pelo fim da insegurança financeira que os trabalhadores enfrentam mês após mês. É uma situação insustentável, agravada pelo descumprimento de acordos jurídicos firmados com o sindicato. Isso demonstra o desrespeito da gestão com quem mantém a instituição viva," declarou Rosso.   
Com quase 70 anos de história, a Urcamp atua como centro formador em 21 municípios da região da Campanha e Fronteira Oeste do RS, por meio de seus campi em Bagé (sede), Alegrete, Dom Pedrito, Santana do Livramento e São Gabriel. Além do ensino superior presencial e a distância, mantém escolas de Ensino Fundamental, Médio e Técnico, como o tradicional Colégio Raymundo Carvalho. 

Luciana Genro solicitará espaço nos assuntos gerais da Comissão de Educação para tratar do tema e reforçará o pedido de acompanhamento institucional sobre a situação da Urcamp, em defesa dos educadores e da educação pública e comunitária de qualidade, como sustentou. 

"Os trabalhadores da educação estão sendo desrespeitados por uma gestão que não garante o mínimo: salário digno e em dia. Vamos cobrar que a Comissão de Educação acompanhe de perto essa situação e pressione por soluções", afirmou a parlamentar. 

CONTRAPONTO 

A reportagem do Folha do Sul entrou em contato com a assessoria de Comunicação da Urcamp que esclareceu que a instituição possui débitos angariados em períodos anteriores à atual gestão. De acordo com a assessoria, estão sendo feitos esforços de recuperação econômica e financeira, como a negociação de débitos fiscais, que resultou na diminuição de quase 70% de dívidas fiscais antigas e conquista das negativas federais para permitir o recebimento de emendas e subsídios para investimentos em áreas como saúde e educação.  

Além disso, a entidade, ainda por meio da Comunicação, admite que há “desafios para o financiamento de suas atividades”, que se somam aos impactos da pandemia de covid-19. “Em que pese o fato de o salário ainda precisar ser feito de maneira parcelada por motivos como empréstimos e dívidas contraídas em gestões anteriores, os pagamentos são quitados dentro do mês”, afirma a nota.    
Ainda de acordo com o contraponto remetido à reportagem, na procura pela estabilização administrativa, a gestão da Urcamp afirma trabalhar na redução de despesas em todas as áreas que não prejudiquem a qualidade das ofertas de ensino e serviços prestados à comunidade. Ainda diz que foi possível alcançar um resultado melhor que o previsto para os salários de 2024, fechando o ano com a folha em dia e com a segunda parcela do 13º paga – sem a necessidade de novos empréstimos. A informação é de que a gestão também tem buscado e obtido apoio nas instâncias governamentais e legislativas no sentido de projetos que permitam equacionar as questões de maior dificuldade.