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Encaminhamentos
Audiência na Câmara define propostas de apoio à Santa Casa
Priscila Petrecheli - Na audiência falaram vereadores, integrantes da Santa Casa e comunidade
por Priscila Petrecheli
Durante a noite de quinta-feira (18), ocorreu a audiência pública para discutir as dificuldades financeiras que a Santa Casa de Caridade de Bagé enfrenta. Hoje, o hospital acumula um déficit de mais de R$11 milhões.
O vice-provedor da Santa Casa, Carlos Eduardo dos Santos, detalhou os atendimentos que a entidade faz. Só em relação às internações, ele afirmou que o hospital tem mais de R$300 mil de prejuízo por mês, enquanto na radioterapia a despesa é de R$89 mil por mês. Além disso, Santos disse que há muitos anos o município não tem feito repasse para a instituição.
“A Santa Casa é uma instituição que oferece serviço de saúde, ela não é financiadora de serviços de saúde. No entanto, é assim que ela tem atuado há muito tempo e nós não temos condições de atuar mais desta forma”, expôs Santos.
O vice-provedor ainda confirmou que, a partir de 1° de outubro, às 8h, o Pronto-Socorro somente irá atender serviços de urgência e emergência. Haverá serviço de triagem e o paciente que não estiver identificado como urgência e emergência será encaminhado para outro setor - como a rede básica ou a UPA.
Ele ainda pediu ajuda para a construção de um diálogo visando o aumento do Teto MAC. O Teto MAC é o limite de recursos federais do SUS que são destinados a cada Estado e município para custear serviços de média e alta complexidade, como exames, cirurgias e internações. O valor é definido pelo Ministério da Saúde e repassado mensalmente.
O Administrador da Santa Casa, Raul Vallandro, afirmou que a crise não é apenas em Bagé e sim de todos os hospitais filantrópicos do país. De acordo com ele, os hospitais filantrópicos são obrigados por lei a destinar 60% da sua capacidade de atendimento para o SUS, porém, no município, são realizados 90% dos atendimentos
O Secretário de Saúde, Gilson Machado, falou sobre a parceria histórica do município com o hospital, além de propôr que o convênio seja revisto e ampliado. Ele também disse que o município deve investir pelo menos 15% da sua receita corrente mínima e afirmou que, até o momento, a Prefeitura investiu mais de R$43 milhões em saúde - mais de 22%.
Vereadores se manifestam
Durante sua fala na tribuna, o vereador Patrique Cebola (PT) anunciou que destinará R$100 mil de suas emendas impositivas para o ano de 2026. Ele ainda disse que, caso todos os vereadores da bancada do PT fizessem o mesmo, seria possível destinar R$500 mil para Santa Casa.
O vereador Esquerda Carneiro (PSD) falou que o próprio Legislativo já teria deixado de ajudar a Santa Casa no ano de 2025 porque o prefeito Luiz Fernando Mainardi (PT) teria vetado as emendas impositivas e emendas de bancada. Ele ainda criticou que 1% do ISSQN, da Prefeitura para a Santa Casa, não está sendo repassado.
Lelinho Lopes (PT) falou das dívidas que a atual gestão paga desde que assumiu o Executivo e endossou a fala do secretário Gilson Machado, além de falar que tentará diálogo em Brasília.
“Nós gostaríamos, Eduardo, de quando a Santa Casa estiver em uma situação delicada, ser os primeiros a saber, porque fomos pegos pelas mídias. Isso nos preocupa, porque a população nos cobrou. Nós sempre estivemos de portas abertas e esse é nosso papel, de sentar para conversar, ser parceiro. Como nós fomos no passado, vamos continuar sendo”, disse Lelinho.
Já o edil Graziane Lara (PL) fez uma crítica ao aumento do salário dos secretários, dizendo que se há recursos para isso, deveria haver para saúde também. O vereador chegou a ser vaiado por algumas pessoas presentes. Graziane se colocou à disposição e disse que terá uma reunião com o deputado federal Giovane Cherini (PL) sobre a demanda.
“Preferiram fazer pagode”
O presidente do Simba (Sindicato dos Municipários de Bagé), Clodoaldo Jardim Fagundes, disse que a gestão da Santa Casa teve a oportunidade de cobrar o governador Eduardo Leite (PSD), quando o mesmo esteve na cidade para a inauguração de obras junto da secretária da Saúde, Arita Bergmann, mas não o fizeram.
“Tiveram a oportunidade de cobrar in loco o governador Eduardo Leite, mas preferiram fazer pagode”, acusou.
O vice-provedor, Carlos Eduardo dos Santos, disse que valorizar o pagode que aconteceu na Santa Casa seria o mesmo que ridicularizar uma gestão séria.
“Se nós fizemos esse encontro mais animado na Santa Casa, certamente é que nós já tínhamos ido ao governo do Estado para falar da nossa situação”, defendeu.
Ele também afirmou que, no dia 17, teria sido feito contato com a secretária de Saúde Arita Bergmann para informar sobre a redução nos atendimentos e que a mesma não estaria muito preocupada quanto a isso.
Acerca da fala do vereador Lelinho Lopes, Carlos Eduardo afirmou que a Santa Casa pede socorro desde o ano passado e que não seria verdade que o governo municipal teria ficado sabendo da situação pela mídia.
Os vereadores fizeram os seguintes encaminhamentos:
- Termo de compromisso dos vereadores que 50% dos recursos das Emendas Impositivas do ano de 2026 será destinada para Santa Casa;
- Captação de recursos com Deputados Federais;
- Aporte de valores do duodécimo da Câmara de Vereadores para socorro imediato da Santa Casa;
- Definir aporte extra de valores de municípios vizinhos ainda este mês.
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