Ameaça
Saúde reforça alerta para risco de reintrodução do sarampo

Ana Imperatore - Principal forma de prevenção segue sendo a vacinação
Com o retorno às aulas após o recesso de inverno, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul reforça o alerta para o risco de reintrodução do sarampo no Estado. Apesar de o Brasil ter recuperado, em novembro de 2024, a certificação de eliminação da doença, a circulação do vírus em países das Américas, Europa e outras regiões mantém a ameaça. O período pós-férias é considerado de atenção redobrada, devido à movimentação de pessoas vindas de áreas com casos confirmados.
A principal forma de prevenção segue sendo a vacinação. A enfermeira do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Lara Crescente, destaca a necessidade de observar sintomas como febre, manchas vermelhas na pele e sinais respiratórios, especialmente quando há histórico de viagem ou contato com viajantes. Casos suspeitos devem ser investigados rapidamente para evitar a transmissão.
Em abril, Porto Alegre registrou um caso importado em uma mulher não vacinada que retornou dos Estados Unidos. Graças a ações de bloqueio, rastreamento de contatos e reforço vacinal, não houve novos registros. No Brasil, Tocantins confirmou 17 casos recentemente, enquanto Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo também tiveram ocorrências. Nas Américas, já são quase 10 mil casos em 2025, com destaque para Canadá, México e Estados Unidos. Na União Europeia, mais de 14 mil casos foram confirmados no último ano.
Desde junho, a SES executa um plano de intensificação vacinal em 35 municípios gaúchos considerados de alto risco para a reintrodução do vírus. A estratégia foi motivada pelo caso importado na Capital e visa ampliar a cobertura vacinal e garantir resposta rápida diante de casos suspeitos.
Entre as medidas, está a aplicação da dose zero em crianças de 6 a 11 meses nas cidades prioritárias, oferecendo proteção antecipada sem substituir as doses do calendário de rotina. Outras ações incluem bloqueio vacinal em até 72 horas após suspeitas, busca ativa de não vacinados em locais de grande circulação, revisão da vacinação de profissionais de saúde e educação e registro nominal das doses aplicadas.
A seleção dos municípios levou em conta fatores como localização fronteiriça, baixa cobertura vacinal, alto fluxo de turistas e intensa mobilidade populacional. Estão incluídas cidades de fronteira com a Argentina e o Uruguai, destinos turísticos da região da Serra e Porto Alegre.
Os municípios prioritários são: Porto Alegre, Barra do Quaraí, Itaqui, Quaraí, Sant’Ana do Livramento, Uruguaiana, Garruchos, Pirapó, Porto Xavier, Roque Gonzales, São Borja, São Nicolau, Novo Machado, Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Derrubadas, Tiradentes do Sul, Chuí, Jaguarão, Aceguá, Canela, Caxias do Sul, Gramado, Nova Petrópolis, Picada Café, São José dos Ausentes, Vacaria, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Garibaldi, Guaporé, Nova Prata, Veranópolis e Farroupilha.
Quem deve se vacinar
Dose zero em crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias nos municípios prioritários;
Crianças de 12 meses a menores de 5 anos: primeira dose aos 12 meses (tríplice viral) e segunda dose aos 15 meses (tetraviral ou tríplice viral + varicela);
Pessoas de 5 anos a 29 anos: duas doses da tríplice viral;
Pessoas de 30 anos a 59 anos: uma dose da tríplice viral;
Trabalhadores da saúde: duas doses da tríplice viral.
Quem não possui registro ou esquema completo deve procurar a unidade básica de saúde mais próxima para regularizar sua situação vacinal.
Sarampo no RS
Os últimos casos ocorridos no Rio Grande do Sul, sem histórico de viagem, foram registrados entre 2018 e 2020, com 185 confirmações no período. Após três anos sem registros (2021 a 2023), o Estado confirmou dois casos importados: um em 2024 e outro em 2025. A série histórica de casos, iniciada em 2010 é a seguinte:
2025: 1 caso importado
2024: 1 caso importado
2021–2023: sem casos registrados
2020: 37 casos
2019: 101 casos
2018: 47 casos
2012–2017: sem casos registrados
2011: 8 casos
2010: 7 casos
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