O clima ficou quente no período da tarde dessa segunda-feira, na sessão ordinária da Câmara de Vereadores. Tudo começou quando vereadores de oposição usaram a tribuna para falar sobre o parecer do Ministério Público que recomendou ao Tribunal Regional Eleitoral pela cassação dos diplomas do prefeito Divaldo Lara e do vice-prefeito Mario Mena Kalil e nova eleição em Bagé (matéria na página 4).

Já os vereadores da base do governo defenderam as ações feitas por Divaldo e criticaram o governo do PT.

Ao descer da Tribuna, os vereadores João Schardosim (PTB) e Lelinho Lopes (PT) trocaram farpas. Foi aí que o “tempo fechou” no plenário, quando Schardosim partiu para cima de Lelinho e precisou ser contido por alguns vereadores.

Palavras impublicáveis foram usadas durante a discussão. Na verdade, Lelinho teria dito que Schardosim estaria usando o autismo para se promover. Com um filho que tem esse problema, Schardosim reagiu a essa colocação do petista.

Enquanto uns tentavam apartar os dois, no plenário, outros vereadores gravavam as cenas e distribuíam os vídeos.

Policiais na Câmara
A Brigada Militar foi acionada e duas viaturas ficaram estacionadas nas proximidades do prédio do Legislativo. Foram até o local cinco policiais fardados e dois a paisana.

Logo depois da sessão, o presidente da Câmara de Vereadores, Rodrigo Ferraz (União Brasil), se reuniu a portas fechadas com alguns vereadores. Schardosim registrou boletim de ocorrência, na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA).

Versões do fato
Para o Folha do Sul, Lelinho alegou que quase foi agredido por Schardosim. “Eu disse que ele não usasse o autismo para se promover. Fiquei parado e sei o que disse”, asseverou o petista.

Schardosim falou com a reportagem e disse que procurou a Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento e registrou um boletim de ocorrência contra Lelinho. Ele falou que esse dia, na Câmara de Vereadores, é para ser lamentado. Argumentou que sempre houveram debates ferrenhos no Legislativo, porém no campo político. “Mas o que aconteceu foi uma mancha e o vereador Lélio proferiu ofensas pessoais contra a minha família e meus filhos que são autistas, e isso ultrapassou o debate”, afirmou.

Schardosim contou que, após fazer críticas ao PT, ao sair da Tribuna e cruzar por Lelinho, o petista falou que ele utilizava os filhos para fazer política. “Isso é uma ofensa e uma injúria pessoal contra mim e meus filhos. É uma ofensa que dói muito porque eu entrei para a política antes de ter um filho autista. Eu me elegi vereador sem ter um filho autista”, ponderou.

Schardosim informou que, além do boletim de ocorrência, irá para a esfera judicial.

Posicionamento do presidente
O presidente da Câmara de Vereadores disse para a reportagem que vai avaliar o caso de acordo com o que determina o Regimento Interno do Legislativo. Ferraz argumentou que Lelinho ofendeu a honra de Schardosim ao citar os filhos dele. “Por esse motivo, o vereador João Schardosim acabou reagindo daquela maneira. E minha obrigação é tomar as medidas necessárias”, avisou.