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Ainda, o bullying

Arquivo pessoal imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

Reconheço o quanto é complexo atualmente falar sobre esse tema, porém, é ainda mais perigoso não falarmos. De uma forma ou outra, o bullying respinga em todos nós. Em primeiro lugar, é importante conceituar o problema.  

Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos contra uma pessoa indefesa, que pode causar danos físicos e psicológicos às vítimas. O termo surgiu a partir do inglês bully, palavra que significa tirano, brigão ou valentão. 

Logo em seguida, é necessário contextualizar porque nossas crianças e jovens estão mais vulneráveis a esta agressão, que sempre existiu, sempre foi intensa e muito cruel, embora ainda não tivesse esta nomenclatura. A maioria de nós tem pelo menos uma lembrança de apelidos grosseiros, brincadeiras humilhantes e violências físicas e psicológicas que vivenciou ou presenciou alguém viver.  Esse tipo de experiência é intensamente dolorosa e logicamente pode acarretar danos profundos dependendo do quão vulnerável a vítima esteja, as decisões tomadas a seguir pelos responsáveis, o acompanhamento do caso etc.  

No entanto, atualmente, a escola tem uma importância emocional e social maior que tinha há 30 anos. Hoje é, basicamente, na escola que se faz amigos, é quase o único grupo de convivência significativa com pares por anos a fio. Sendo que antigamente havia uma família mais numerosa e presente em casa, a comunidade, vizinhos, primos, religião, etc. Ou seja, as experiências boas e ruins da escola sempre tiveram peso, mas era diluído em meio a tantas relações e conexões sociais que ajudavam a fortalecer a personalidade baseada na interação social e vínculos afetivos profundos. 

Somado a isso, temos a atitude dos pais muitas vezes com  a excessiva preocupação e desejo que os filhos não sofram, não se decepcionem, não se frustrem, ou seja, este excesso de zelo  tem contribuído para forjar gerações de pessoas sem empatia, de raro autocontrole (são escravos da satisfação imediata), autoconhecimento empobrecido, nenhuma gratidão e por consequência  sem esperança, pouca ou nenhuma autoconfiança, uma vez que confiar em si mesmo é algo que surge a partir do sucessivo enfrentamento e superação de dificuldades.  Ainda temos o insuficiente investimento em vínculos afetivos significativos e na compreensão de um sentido vital próprio para cada dificuldade experimentada.  

Paradoxalmente, todas essas características quando vivenciadas e desenvolvidas satisfatoriamente promovem resiliência, exatamente o que necessitamos para superar e nos fortalecer com as adversidades da vida. 

Questão complexa com muitos fatores entrelaçados, culturais, emocionais, educacionais e familiares. Talvez, quando a resiliência se tornar um valor tão importante a ser desenvolvido como atualmente é a beleza física e a competência social em nossa sociedade em todas as esferas, principalmente na familiar, o bullying não mais terá tanto poder.  

Por agora, precisamos estar atentos no que é este fenômeno, como ele está mais perto de nós do que pensamos e, principalmente, de que modo investir em informação para que qualquer pessoa saiba como reagir quando estiver diante deste cenário, e não apenas quando for diretamente ligado à vítima. 


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