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História

Biblioteca pública comemora 90 anos de fundação

Márcia Sousa imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Local conta com cerca de 50 mil exemplares

Encravada no “coração” de Bagé, a Biblioteca Pública Doutor Otávio Santos comemora 90 anos de idade no dia 24 de novembro. O prédio guarda em suas prateleiras o “conhecimento” , que pode ser folheado nos cerca de 50 mil exemplares. Em outros tempos - mais pujantes e alvissareiros -, o andar térreo era visto sempre cheio. Eram leitores que iam até o local ávidos das leituras diárias dos jornais de Bagé e dos de Porto Alegre. O movimento diminuiu muito e esse espaço, outrora tão movimentado, fica vazio.

 
A reportagem conversou com a diretora do local, a bibliotecária Nelci Jeismann, sobre esses 90 anos de história. Uma programação específica para assinalar a data não foi feita, por algumas razões. Entre elas, o aumento de casos de covid-19 na cidade. Por isso, a Associação Amigos da Biblioteca prefere não fazer nada presencial.

 
No final de semana passado, foram realizadas as finais do xadrez e, quando o tempo ficar mais firme, vai acontecer mais uma etapa das “janelas do conhecimento”. Essa iniciativa consiste em colocar livros nas janelas da biblioteca para que os transeuntes possam levá-los.

 
Conhecimento
A biblioteca abriu suas portas em 25 de novembro de 1933 com 1,5 mil exemplares. “Hoje, temos uma média mínima de 50 mil exemplares, só de livros. O carro-chefe, como se diz, é a literatura. Engloba os romances, contos, crônicas, literatura espírita e romances espíritas, auto-ajuda e biografias. Bastante procura de literatura infantil e juvenil”, enfatizou a diretora.
Nelci comentou que os livros técnicos estão sendo menos procurados. “Não tem muita pesquisa local com nossos livros. Temos usuários bastante frequentes, que vão para estudar, levam seu computador e usam a internet da biblioteca”, acrescentou.

 
A direta ressaltou que esse cenário já tinha mudado bastante antes da pandemia. Porém, lembrou que, antes da pandemia, havia muitos grupos escolares, que se reuniam para fazer seus trabalhos em grupo. Segundo ela, isso mudou, parece que se cortou essa tradição. A diretora salientou que estão voltando aos poucos.

 
Procurados
Entre os livros de pesquisa, os mais procurados são as gramáticas e os de matemática do Ensino Médio. Nelci disse que na parte de pesquisa é mais um público jovem, que está estudando para o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) ou concursos. Mas tem pessoas de todas as idades e os adultos gostam de história e sociologia. E tem os que vão para estudar nos seus aparelhos de computador. “Aí são na maioria professores, preparando cursos ou aulas”, mencionou.

 
Adultos
A faixa etária que mais procura a biblioteca para empréstimos de livros são pessoas de 30 anos para cima. Segundo a diretora, a parte da retirada de livros para leitura é bem homogênea, de todas as idades. Tem pais que levam as crianças para retirar livros infantis e gibis, assim como jovens, adultos, idosos. “Diria muitos idosos. Não fizemos esta estatística por idade. Alguns, vão os casais. Levam vários livros, depois voltam e trocam por outros. Tem também famílias , vão os pais e filhos. Cada um leva os seus. Eu acho lindo de ver quando vão casais e famílias”, confidenciou a diretora.

 
Esse costume diminuiu no período da pandemia e, quando a biblioteca voltou a atender, poucas pessoas retornaram para pegar livros emprestados. Isso foi retomando aos poucos. “Agora, o movimento na parte dos empréstimos está normal ou até melhor. Temos recebido muitos livros bons e atuais. Todos doação da comunidade, Associação dos Amigos e até de escritores”, disse.

 
Já a parte da pesquisa está muito fraco ainda. No entanto, a diretora lembrou que isso já era uma realidade que vinha mudando no decorrer de vários anos. A maioria só para estudar.

 
Livros versus tecnologia
A reportagem perguntou se, com o advento das tecnologias, o hábito pela leitura diminuiu. A diretora respondeu que sim, principalmente entre os jovens. “Eu vejo que o problema maior é nas redes sociais. Perdemos muito tempo nas redes sociais, tempo que anteriormente usávamos com a leitura. Eu me incluo nesse item. Cedo começo a responder perguntas e contatos no Facebook, Instagram e WhatsApp. E, enquanto respondemos, nos distraímos com outras coisas que aparecem e nos deixam curiosos. Termino o dia da mesma forma, respondendo. As pessoas não ligam mais para saber informações, horários, eventos…. É tudo no digital”, pontuou.

 
A bibliotecária disse perceber que os jovens leem mais livros digitais e de forma mais superficial - porque a tela cansa mais que o papel. Também falou que já ouviu muitas pessoas falarem que não conseguem mais se concentrar no livro físico. Ela disse acreditar que isso vai ser um problema no futuro, porque vai se perder a habilidade de interpretar, compreender. "As escolas devem incentivar o máximo do máximo a leitura nos livros físicos”, advertiu.

 
Diversidade
A biblioteca conta com livros em braile e audiolivros, em CDs. Tem uma coleção de revistas organizadas por título. Porém, não tem mais nenhuma assinatura de revista, só dos jornais locais. O local tem bastante livros antigos, que se tornaram raros, assim como revistas do início do século passado.
“Mas tem um livro que chama particular atenção dos nossos usuários. Este livro nos foi doado por Flavio Danúbio Silveira Vieira. Ele é escrito em japonês e inglês. Vem dentro de uma caixa e capa muito linda. Às folhas são de tecido, um tipo de seda”, revelou a diretora.

 
O local conta com dois bibliotecários, nove funcionários auxiliares de biblioteca e uma de serviços gerais.

Campanha
O prédio da biblioteca irá passar por uma revitalização. Segundo a diretora, já tem duas latas de tinta e material como massa, rolos e pincéis para começar. “Mas estamos em campanha para conseguirmos mais tinta”, revelou.

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