As Altas Temperaturas no Brasil e no RS: O Alerta das Mudanças Climáticas
Júri
Acusado de feminicídio é condenado a mais de 11 anos

Luciano Madeira imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Réu disse que nunca teve intenção de matar a ex-companheira
Aconteceu ontem o julgamento de Gabriel Rodrigues Gularte, de 25 anos, natural de Bagé, que, de acordo com o Ministério Público, é acusado de ter tentado matar sua companheira. O crime ocorreu no dia 27 de agosto de 2023, por volta das 11h, no Parque Silveira Martins. O réu foi condenado a 11 anos e quatro meses de prisão em regime fechado, sem o direito de recorrer em liberdade. Além disso, foi determinada uma indenização à vítima no valor de cinco salários-mínimos. O advogado de defesa informou que irá recorrer.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o réu, inconformado com o fim do relacionamento, foi até a casa da vítima alegando que buscaria uma marmita que havia esquecido no imóvel. Quando a vítima abriu a porta, ele entrou e foi para o quarto.
Foi nesse momento que, segundo a denúncia, ele começou a agredir a ex-companheira com socos na cabeça e, armado com uma faca, desferiu golpes que acertaram o pescoço e o tórax da vítima. Ela foi socorrida pelo SAMU e levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa de Caridade de Bagé, onde passou por uma cirurgia de emergência.
Depoimentos
A primeira a ser ouvida foi a vítima, que pediu para depor sem a presença do réu. Ela relatou que, naquele domingo pela manhã, por volta das 9h, recebeu uma mensagem do ex-companheiro perguntando se ela estava sozinha e se poderia ir até a casa buscar uma marmita que havia esquecido.
A vítima relatou que abriu a porta e voltou para o quarto, onde se deitou novamente. “Ele ficou sentado ao meu lado e estávamos conversando, quando começou a me agredir com socos. Eu desmaiei. Não me lembro do momento em que ele me esfaqueou. Eu estava desorientada e só lembro que algo quente escorria do meu corpo. Desmaiei novamente”, disse.
Segundo a vítima, dois dias antes do crime, ela havia terminado o relacionamento. “Nunca imaginei que ele faria isso. Ele sempre foi muito ciumento e me disse que, se eu não fosse dele, não seria de ninguém. Quando começaram as agressões, não tive como reagir, pois estava deitada. Fui socorrida pelo Samu e, no hospital, passei por uma cirurgia e fiquei duas semanas internada”, acrescentou.
Muito emocionada, a vítima afirmou que tem medo do réu. “Acredito que, se ele for absolvido ou quando sair da cadeia, ele vai tentar terminar o que começou”, declarou. Também foram ouvidas testemunhas de acusação e defesa.
"Não queria matá-la"
Já passava do meio-dia quando o réu, Gabriel Rodrigues Gularte, começou seu depoimento. Ele disse que, na sexta-feira anterior ao crime, ele e a vítima estavam em casa, pois moravam juntos há cerca de três anos. “Ela me contou que estava conhecendo outra pessoa. Juntei minhas coisas e fui embora para a casa da minha mãe”, afirmou.
“No domingo, voltei à casa para pegar minha marmita. Ela abriu a porta, foi para o quarto e deitou. Eu me sentei ao lado dela e comecei a conversar para tentar entender por que ela tinha terminado. Enquanto conversávamos, ela recebeu uma mensagem. Naquela hora, fiquei com raiva, porque foram anos juntos e eu estava sendo descartado como um cachorro", acrescentou.
“Foi quando comecei a agredi-la com socos e peguei uma faca que estava em um cômodo do quarto. Desferi as facadas, mas depois me arrependi, recuperei o juízo. Nunca tive a intenção de matar. Se eu quisesse matar, eu tinha matado”, afirmou.
Gularte disse que, ao ouvir a vítima pedir água, foi até a cozinha, levou água para ela e tentou colocá-la debaixo do chuveiro. “Tentei pegá-la no colo, mas não tive forças”, garantiu.
“Quando vi o que tinha feito, fiquei muito triste e comecei a me mutilar. Mandei mensagem para minha mãe, falando que tinha feito besteira. Pedi socorro, pois estava arrependido, e pedi que chamassem ajuda para atender a vítima”, afirmou.
Pedido
Na parte da tarde, aconteceram os debates entre a promotora Ângela Hackbart Conde e o advogado de defesa, Elton Carvalho Barcelos, que pediu aos jurados que desconsiderassem o crime de tentativa de feminicídio e o reclassificassem como lesão corporal.
Deixe seu comentário