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MEIO AMBIENTE
Documentário denuncia crise climática no Estado

DIVULGAÇÃO imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Documentário vem sendo idealizado há pelo menos cinco anos
Por Priscila Petrecheli
Gravada na região das Palmas, em Bagé, a série documental Em Defesa do Meio Ambiente faz uma observação sobre o agravamento da crise climática como resultado de um processo que já vem sendo abordado e tratado há décadas – e do qual o Rio Grande do Sul é parte.
Em conversa com a reportagem do Folha do Sul, o diretor Guilherme Castro explicou que o projeto está sendo feito com base em entrevistas com cientistas, pensadores e militantes, além de pesquisas históricas. O roteiro é assinado por Castro e pelo jornalista e pesquisador João Batista Santafé Aguiar, enquanto a produção executiva é de Patrícia Barbieri.
O documentário tem 13 episódios, focando na compreensão da atual crise e emergência climática como parte de um processo que já vem sendo denunciado, enfrentado, anunciado e previsto. A série ainda faz um liame entre história e acontecimentos presentes.
HISTÓRICO
“Aqui no Rio Grande do Sul, em especial, tem uma forte ligação e tradição com o ambientalismo e com o pensamento ambientalista, desde precursores do começo do século 20 ainda, e aqui também a gente enfrenta as maiores calamidades ambientais”, explica Castro.
Acerca da ideia, Castro explica que surgiu há algum tempo. “Faz muitas décadas que a gente tem esse envolvimento com a questão ambiental, tanto como realizador de audiovisual, porque os primeiros documentários, as primeiras reportagens, o tema do ambientalismo esteve muito presente”, conta.
Castro menciona que, desde os anos 90, tanto Augusto Carneiro quanto João Batista Santafé Aguiar o instigaram a produzir materiais sobre meio ambiente a partir dos seus acervos de memória do ambientalismo. “Ambos me mostraram os seus arquivos nas suas casas e me instigavam a produzir materiais sobre isso”, recorda.
Por conta dessa trajetória, Castro afirma que a série vem sendo construída há muito tempo, mas que, nos últimos cinco anos, dado o agravamento da condição ambiental, ele procurou o ecojornalista João Batista Santafé Aguiar.
PALMAS
Quanto à gravação em Palmas, Castro afirma que foi maravilhosa pela beleza plástica, pelo aspecto único do ambiente natural. “É difícil descrever o Pampa, pela relevância do Pampa na questão ambiental hoje, é um dos assuntos mais importantes, tem sido tratado em vários debates, por vários especialistas”, fala.
Natural de Arroio Grande, passou sua infância em Bagé e diz que tem uma memória afetiva muito grande com o lugar. “Agora, pude reencontrar sabendo que a gente precisa entender melhor do que se trata quando fala do Pampa”, explica.
Ainda sobre Palmas, Castro diz que buscavam um modo de vida que, pelos séculos, se desenvolveu em harmonia com a preservação da vida, do bioma – e foi o que encontraram na região.
“Palmas foi especialíssimo pela beleza, pela unicidade do ambiente e pelo exemplo muito revelador do modo de vida tradicional da cultura do Pampa”, afirma.
Além disso, houve o envolvimento da comunidade, uma vez que a equipe procurou pelas pessoas do lugar. “São os personagens tratados assim, as irmãs Colares, a velha Márcia Colares, que eu conheci num evento em Porto Alegre sobre o Pampa. Então, tem o protagonismo da comunidade nas suas ideias, no seu modo de vida, nas suas defesas. Ficamos muito felizes com a ida a Palmas. Eu não conhecia a Palmas.”
REALIZAÇÃO
Sobre Em Defesa do Meio Ambiente, Castro conta que entende como um aspecto científico e histórico, tendo apuração de dados.
“Ele trabalha com muita ilustração histórica e científica, e com um conjunto de ideias de fundo que se pretende ser esclarecedor, com profundidade, sobre vários aspectos do meio ambiente, e também como documentário narrativo poético”, defende.
Ele ainda diz que partiram do conceito de uma ideia que foram construindo e preenchendo conforme a realidade. Além disso, afirma que o documentário sempre é aberto ao que encontra, ao acontecimento, ao que está na frente da câmera. “Estamos construindo essa obra, né, passo a passo, a cada dia”, fala.
Já sobre o assunto, ele o considera sério, uma vez que toca no risco iminente da destruição da vida no planeta pela ação do homem. Mas também acredita ter aspecto poético por conta da representação da natureza – a busca do espaço para reflexão do conteúdo em aberto, da possibilidade do espectador se envolver também como poesia.
“Pretende demonstrar um pouco da vida de personagens reais, de acontecimentos reais, e poético, porque pretende expressar também, na forma da poesia audiovisual, através das qualidades da fotografia, do som, do ritmo da montagem, a possibilidade de fruição da obra, como poesia audiovisual”, conclui.
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