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João Eichbaum

Questões de fé

Na semana passada o jornal Zero Hora noticiou que desde o dia 4 deste mês “e até o dia 29, a alta cúpula da Igreja Católica e representantes de todo o mundo se reúnem no Vaticano para debater o futuro da fé de 1,3 bilhão de pessoas”.

Como assim, “debater o futuro da fé”? Sabe-se que a fé é uma questão de foro íntimo, como qualquer sentimento, como a esperança, a angústia e dezenas de outras reações emotivas. Por isso a fé de milhões de pessoas não pode ser tomada como um sentimento coletivo. Então, não se pode dizer que ela tem passado, presente ou futuro. Até porque, se se trata de crença numa só divindade, por exemplo, ela sempre será a mesma, independente de tempo e espaço.

Pior ainda será “debater” a fé das pessoas. É uma expressão que soa enigmática. Ou será que a Igreja Católica está querendo mudar o objeto, ou o conteúdo da fé de mais de um bilhão de pessoas? Ou estará imprimindo outro rumo para as crenças?

Nada disso transparece do restante do texto da Zero Hora. O que se colhe dali é que a Igreja quer saber que tipo de resposta poderá dar à fé de seus adeptos, para robustecer ou pelo menos manter viva a crença ou a confiança nela como instituição. Diz-se que consultará os crentes sobre temas como o sacerdócio para as mulheres e a jurisdição clerical para homens casados. Não é segredo para ninguém que está havendo uma grande evasão de crentes católicos para outras religiões. E, no fundo, esse é o motivo do conclave no Vaticano, do qual participarão também pessoas leigas, além de padres, bispos e cardeais.  Será debatido, isso sim, o futuro da Igreja, não da fé.

Mas, por coincidência, ao mesmo tempo que serve de motivos para conclaves promovidos na Igreja Católica, a fé hoje produz selvageria criminosa, mortandade de inocentes, torturas - instrumentos já usados pela mencionada instituição cristã, através da Inquisição.

Os ataques do grupo Hamas, que hoje despertam o horror no mundo inteiro, causando repúdio em pessoas de bom senso, são devidos à fé.  Segundo seus líderes, amigos do Lula e da esquerda brasileira, todo esse furor bélico foi desatado “em defesa da mesquita de Al-Aqsa”. A localização dessa mesquita, em Jerusalém, é o que motiva a interminável tensão entre judeus e maometanos. Ela se situa num local que é objeto de veneração dos judeus, pois ali havia dois templos antigos que foram destruídos. Mas, para os maometanos esse mesmo local é também um objeto de intensa veneração. Domina-os a crença de que foi nessa mesquita que Maomé, vindo de Meca, orou e, logo depois, subiu aos céus.

Pelo que se conhece da história, a violência desde os tempos bíblicos esteve enxertada na fé. Não se sabe como Maomé encarava a paz. Mas, no cristianismo o apóstolo Mateus (10:34) botou na boca de Jesus Cristo essas duras palavras: “não penseis que vim trazer paz à terra, mas a espada”.

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