por Priscila Petrecheli 

Devido a grave crise financeira a qual a Santa Casa de Caridade de Bagé (SCCB) enfrenta, foi divulgado, durante coletiva de imprensa nessa terça-feira (9), que deverão ser feitos ajustes nos atendimentos do SUS (Sistema Único de Saúde) para que o hospital continue operando.

A Santa Casa tem capacidade instalada para atendimento do SUS de 60%, porém, conforme informou, atende 90%, superior até mesmo que a Santa Casa de Porto Alegre. Por estar atendendo acima do contrato feito com o SUS, a Santa Casa apresenta prejuízos mensais em todos seus setores. 

Para se ter uma ideia, o contrato prevê que sejam atendidas 656 internações clínicas/cirúrgicas, mas a média atendida é de 755 - são 99 internações a mais por mês. Devido a isso, há um déficit mensal de R$ 333.481,50. Além disso, foi alegado que há atraso no salário da classe médica há pelo menos cinco meses.

Já na UTI adulto, atualmente são 11 leitos habilitados previstos em contrato, porém há cinco leitos destinados aos convênios e particulares sendo utilizados por pacientes do SUS, gerando um custo adicional de R$ 735 mil por mês.

Plano de ações

No ano de 2024 foi feito um plano de ações para aumento de receita extraordinária para o primeiro quadrimestre de 2025, buscando refinanciamento de empréstimos, duodécimo da Câmara de Vereadores de Bagé de 2024 e 2025, porém não houve sucesso. Isso ainda segundo a apresentação feita durante a coletiva.

Foi afirmado que houve a promessa de que a Santa Casa receberia de emendas de vereadores de Bagé o valor de R$ 4 milhões, o que também não foi concretizado, também de acordo com os dados apresentados.

Entretanto, a gestão conseguiu a sobra de orçamento do Congresso Nacional, no valor de R$ 2,3 milhões, que ainda não teve o valor total repassado. Ainda será recebido o valor de R$ 1,7 milhão da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

Ao total, a Santa Casa receberia R$ 11,2 milhões no primeiro quadrimestre, o que não aconteceu e acabou somando-se ao déficit.

A partir disso, a Santa Casa começou um planejamento de ações para o aumento de receita, como subir o teto da MAC do SUS (exames especializados e cirurgias, financiados por um teto financeiro estabelecido pelo Ministério da Saúde), aumentar os Incentivos para Custeio junto a SES (que deverá ocorrer no próximo ano através do SUS Gaúcho) e buscar o apoio financeiro mensal através do Orçamento Municipal de Bagé, prefeituras da região que utilizam dos serviços e da Câmara de Vereadores de Bagé.

Segundo a gestão da Santa Casa, que está há seis anos na administração, o município de Bagé não faz repasse de custeio para o hospital. Foi relatado que houveram reuniões com o prefeito, Luiz Fernando Mainardi, e com os dois secretários que passaram pela pasta da Saúde do governo, mas não houve avanço nas tratativas.

Outra reclamação foi em relação a presidente da Câmara de Vereadores, Andrea Gallina, que teria visitado a Santa Casa apenas uma vez e desmarcado uma reunião que seria para ajustar a questão do duodécimo da Casa Legislativa.

Internações mensais serão limitadas

Devido aos problemas financeiros, a partir de outubro de 2025 a Santa Casa vai se limitar a atender apenas ao que está previsto no contrato com o SUS. As internações mensais serão limitadas a 656 por mês, com exceção de urgência e emergência e os leitos de UTI serão limitados a 11 para o SUS. Já o Pronto-Socorro atenderá somente casos de urgência e emergência. As medidas já foram apresentadas ao Ministério Público.

Mesmo com a adequação há a possibilidade de redução no quadro de funcionários, além da possibilidade de redução de alas. 

Quanto a previsão de um “respiro”, com a adoção das medidas e caso o Rio Grande do Sul adote o SUS Gaúcho, junto com as emendas parlamentares que giram em torno de R$ 3,5 milhões, a expectativa é de que haja sim uma melhora na situação financeira.

Foram apresentados os seguintes números de déficits pela Santa Casa:

Déficit mensal do Pronto Socorro: R$ 225.000,00

Déficit mensal do Bloco Obstétrico: R$ 315.000,00

Déficit UTI Adulto por dia: R$ 4.900,00 - valor repassado pelo SUS: R$ 800,00

Déficit Mensal Radioterapia: R$ 89.000,00